Operação Água Branca/Barra Funda: prefeitura anuncia notícia requentada

Hoje a Folha de São Paulo noticiou que a prefeitura tem um “novo” projeto para o bairro da Barra Funda, que ganhará “16km a mais de vias” e “60 mil novos moradores em até 20 anos”.

Em 1995, essa região foi objeto de uma Lei de operação urbana (Água Branca) que previa a venda de potencial construtivo, mas sem nenhuma proposta de reestruturação urbanística propriamente, apenas obras de drenagem e novas ligações viárias. Apesar de terem sido vendidos cerca de 380 mil metros quadrados de potencial construtivo, nem sequer essas obras de drenagem – importantíssimas para a região – saíram do papel.

Na gestão da prefeita Marta Suplicy, a operação foi reestudada e foi realizado um concurso para escolher um plano urbanístico para a área, que foi chamada de Bairro Novo. O plano vencedor apresentava toda uma concepção de uso das quadras, definia a altura máxima dos prédios, as configurações dos espaços públicos, entre outros aspectos.

Terminada a gestão da Marta, foi tudo pra gaveta, e a operação urbana continuou em vigor nos termos em que tinha sido aprovada em 1995. O potencial construtivo continuou sendo vendido, e o resultado, pasmem: vários novos empreendimentos construídos no local e R$ 132 milhões em caixa sem que nenhuma obra de drenagem tenha sido feita até agora.

Aí agora vem a prefeitura dizer que vai transformar aquela região com base, mais uma vez, única e exclusivamente, em venda de potencial construtivo? Puro factoide. Aliás, em maio a prefeitura anunciou que contrataria um novo plano urbanístico para a área, mas, até agora, não sabemos nada sobre isso.

Além disso, aparentemente não se está levando em consideração que nessa região há Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) destinadas à produção de habitação de baixa renda, que, até agora, também não saíram do papel. Evidentemente, não por falta de dinheiro. Os milhões em caixa poderiam ser usados no mínimo para executar os projetos de drenagem e de habitação social.

A região tem ainda dezenas de imóveis registrados como zona de preservação cultural no plano regional estratégico da subprefeitura da Lapa. Essas determinantes exigem que a ocupação da região seja pensada cuidadosamente, afinal, uma cidade não se faz simplesmente com sistemas viários e torres de edifícios.

6 comentários sobre “Operação Água Branca/Barra Funda: prefeitura anuncia notícia requentada

  1. O pior, já se sabe: COMO SÃO AS GRANDES EMPREITEIRAS QUE FINANCIAM NOSSOS POLÍTICOS, AGORA ELAS QUEREM O TROCO. É ÓBVIO QUE TEREMOS GRANDES TORRES DE CONDOMÍNIOS RESERVADAS AO GRANDE PODER AQUISITIVO NAQUELE LOCAL. 10 VAGAS NA GARAGEM, FORNO DE PIZZA NO TERRAÇO, GRANDES ÁREAS DE “LAZER” E MAIS RUAS PARA CABER MAIS AUTOMÓVEIS. NADA SERÁ FEITO EM BENEFÍCIO DA SOCIEDADE, APENAS SE REPETIRÁ O QUE JÁ ACONTECE HÁ ANOS: MAIS “AUTORAMA”. AS EMPREITEIRAS É QUE MANDAM NA OCUPAÇÃO DO SOLO DESTA CIDADE.
    PAÍS SEM JUÍZO E QUE NUNCA TERÁ!!!!!!

  2. Raquel
    A novidade é que a Prefeitura paulistana, segundo a reportagem da Folha, pretende desapropriar os terrenos de terceiros para construir as ruas.
    São os cidadãos de São Paulo quem vão pagar pelas ruas do bairro que será vendido a preço de ouro. Que história é essa de não aplicar a Lei 6766 (Lei de Parcelamento do Solo)? Por que não exigir dos proprietários das glebas da Barra Funda que parcelem a área antes de construir os condomínios? Por que não exigir as áreas públicas, como manda a Lei: ruas, áreas verdes e institucionais. Isso é um escândalo! Cadê o Ministério Público?
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0311201101.htm

  3. Gafisa, Tecnisa, GoldFarb, Paulo Mauro, Even e etc, etc, etc estão destruindo o bairros da Vila Pompéia, Vila Romana, Água Branca, Barra Funda e região sob a cumplicidade criminosa de Gilberto Kassab, “agente” do SECOVI. Não há qualquer debate com participação dos moradores. Não há projetos que visam a qualidade de vida do cidadão. Ruas entupidas de carros, falta brutal de mobilidade, falta de segurança, áreas verdes (sim, respiramos, às vezes), equipamentos públicos inexistentes. Enfim, torres sobem semanalmente, cobrindo o sol das casas que restam, sumindo com o horizonte, trazendo milhares de moradores numa região saturada. Uma arquitetura horrorosa, um apanhado de estilos medonhos, e a ganância das empresas que destroem uma região e depois, com os bolsos cheios, partirão para outra região da cidade deixando os problemas para as vítimas/proprietários que querem comprar conforto, sossego e requinte, mas levarão dor de cabeça, trânsito, falta de segurança e bairros descaracterizados

  4. Eu comprei um apartamento e depois descobri que suas dimensões e lote foram aprovados na prefeitura como habitação de interesse social. Mas claro que a especulação imobiliária mudou de ideia e perfil de moradores.

Deixe um comentário