Somos tod@s Clara: assistir ao filme Aquarius para pensar as cidades brasileiras

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Nada como o cinema para falar das coisas mais difíceis diretamente para a alma das pessoas. E nada como um grande filme, merecedor inconteste do Oscar e outros troféus, para conseguir colocar o dedo em praticamente todas as feridas que assolam o país e seus habitantes com graça, sutileza e delicadeza. Meu comentário desta semana na Rádio USP foi sobre o filme Aquarius.

Um dos aspectos mais interessantes tratados na obra do diretor e roteirista Kleber Mendonça Filho é o valor dos lugares. O valor econômico, o dinheiro que o lugar pode gerar, é o único valor possível? A resistência da personagem Clara, interpretada por Sônia Braga, em vender seu apartamento na praia de Boa Viagem, em Recife (PE), traz justamente esses outros valores que também estão presentes no lugar e que podem e devem ser levados em consideração na cidade.

Para além do tema do capital imobiliário, sua força e métodos, o filme também problematiza nossas cidades divididas. A capital pernambucana foi uma das primeiras do país a reconhecer assentamentos precários, trazendo-os para dentro do Plano Diretor por meio da demarcação de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). O mecanismo prometia integrar esses territórios à cidade de maneira definitiva. Mas no filme fica evidente que entrar na comunidade Brasília Teimosa, que fica ao lado da praia de Boa Viagem, ainda é avançar sobre um muro, metaforizado como o esgoto a céu aberto que os personagens têm de atravessar.

Ouçam a íntegra do meu comentário no site da Jornal da USP e não deixem de assistir ao filme!

Um comentário sobre “Somos tod@s Clara: assistir ao filme Aquarius para pensar as cidades brasileiras

  1. Ola Professora.

    Desculpe usar seu espaço para assuntos de terceiros, mas gostaria de lhe pedir um favor.

    Peça para seu colega professor, e nosso secretario de habitação que libere os comentários em seu blog:

    http://cidadesparaquem.org/blog/2016/9/20/por-que-haddad-pela-continuidade-na-construo-de-uma-cidade-mais-humana-e-democrtica

    É uma enorme covardia isso. Onde esta o debate? Onde esta o espaço para a pluralidade de pensamento? Ele como professor e servidor publico deveria ser o primeiro a defender a liberdade de expressão.
    E deveria tb estar interessado em ouvir as criticas da população em contraponto ao texto tão apaixonado e auto elogioso. Não será exatamente por esse comportamento que seu candidato disputa acirradamente a 4º posição, sem a menor chance de ir para o segundo turno?

    É no minimo hipocrisia, defender a transparência e a participação dentro da gestão publica, mas restringir o debate, no âmbito pessoal.

    Obrigado

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