A Cidade é Nossa com Raquel Rolnik #38: Revisar o Plano Diretor em plena pandemia?

Neste ano de 2021, marcado pela pandemia e pela necessidade de se evitar aglomerações, é impossível a participação direta da população na Revisão do Plano Diretor de São Paulo. Cerca de 400 organizações da sociedade civil lançaram hoje a Frente São Paulo Pela Vida, com uma carta manifesto que pede o adiamento da revisão do Plano Diretor, e, principalmente, a concentração da energia e recursos da Prefeitura de São Paulo para a implementação de uma agenda emergencial de defesa e proteção da vida. Qual é a urgência de rever o Plano Diretor? É sobre isso que fala o episódio 38 do “A Cidade é Nossa”, produzido por Raquel Rolnik e Amanda Mazzei, da equipe do LabCidade. Para ouvi-lo na sua plataforma de podcast favorita acesse: spotifyapple podcastsgoogle podcasts e overcast.

Leia a carta na íntegra: https://cutt.ly/SbcMSCU
Conheça a Frente São Paulo Pela Vida: https://cutt.ly/vbcM0iV

A quem interessa a suspensão da discussão do plano diretor?

Na terça-feira, dia 15, uma decisão da Justiça suspendeu a revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo, impedindo as discussões em torno da proposta de seguirem adiante. A Associação Preserva São Paulo entrou com um pedido – aceito pelo desembargador Camargo Pereira – para barrar as audiências públicas que vinham debatendo as características do Plano.

De acordo com a Associação, as audiências foram convocadas em desacordo com os princípios de plena informação, publicidade, eficiência e supremacia do interesse público, com um calendário que inviabilizaria a participação nos debates. Também alega que a população desconhece o texto substitutivo ao PL 0688/2013 e que, nas audiências dos dias 5 e 6 de abril, havia dois textos diferentes sobre o mesmo assunto. Além disso, o representante da Associação alega que o texto está sendo constantemente emendado a pedidos do setor imobiliário.

Estamos acompanhando, desde o início de 2013, o processo de elaboração e discussão do Plano Diretor. Este debate teve início com várias rodadas de audiências e canais de contribuição via internet, promovidas no âmbito do Executivo. Ao chegar à Câmara, nova rodada de audiências regionais e temáticas foi promovida e, mais uma vez, foram abertos novos canais de recepção de propostas.  Da primeira rodada de debates até o projeto de lei apresentado pela Prefeitura, muitas contribuições foram incorporadas. Do projeto enviado à Câmara Municipal até o substitutivo, mais colaborações foram agregadas. Agora se realiza a quarta rodada de audiências e debates.

A alegação de que o setor imobiliário estaria mudando artigos do projeto de lei “a cada dia” não parece ter fundamento. Contudo, a proposta de substitutivo ainda não foi votada na  Comissão de Política Urbana, e, de acordo com seus integrantes, todas as colaborações apresentadas nesta quarta rodada serão encaminhadas como anexo ao debate. Assim, salvo engano, não estão sendo feitas alterações no texto do substitutivo neste momento. Estas certamente aparecerão sob a forma de emendas, de autoria de vereadores ou bancadas, na próxima etapa.

O processo de discussão do Plano, portanto, nem teve início e nem se concluiu nestas audiências. Não me parece fazer sentido algum interromper as audiências públicas nesse momento. Os instrumentos de discussão adotados até o momento – aliás, como todas as audiências públicas – têm suas limitações e certamente faz-se necessária uma reflexão mais profunda sobre as formas e escalas de discussão de planos e projetos. Entretanto, nada disso ocorrerá se simplesmente suspendermos o debate.

Certamente, a Associação Preserva São Paulo está preocupada com as pressões por verticalização que ameaçam a manutenção da qualidade de vida de alguns bairros, bem como a proteção do patrimônio histórico. Porém, não é com a interrupção da discussão do Plano que esse objetivo – legítimo e importante – será atingido.

Relatório do projeto de lei para a revisão do Plano Diretor de SP tergiversa sobre tema e conteúdo

O relator do Projeto de Lei de revisão do Plano Diretor da cidade de São Paulo, José Police Neto (PSDB), apresentou seu relatório após o processo de audiências públicas com a sociedade civil.

No parecer, depois de uma longa digressão sobre o conceito de Plano Diretor – que incluiu até poema de Mario de Andrade sobre o Tietê – e afirmar que este deveria ser precedido por uma lei que defina a política urbana no município, Police Neto recomendou a aprovação do subsitututivo apresentado pela Prefeitura, sem considerar os questionamentos feitos durante as audiências sobre vários conteúdos deste substitutivo.

Leia aqui o relatório.

‘Carta ao Prefeito’ reúne principais críticas à revisão do Plano Diretor de São Paulo

Como muitos sabem, o Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo, aprovado em 2002, está passando pela sua primeira revisão. As audiências públicas sobre a revisão já foram retomadas, e é importante acompanhá-las. As datas estão divulgadas no site da Câmara Municipal.

A Frente de Defesa do Plano Diretor, que reúne diversas entidades da sociedade civil, apresentou na última sexta-feira, 14, a Carta ao Prefeito. Nela estão reunidas as principais críticas feitas ao projeto de lei de revisão do Plano Diretor, encaminhado pelo executivo municipal à Câmara.

Leia a Carta ao Prefeito.