Copa 2014 em Belo Horizonte: 2.600 famílias na rua?

Quase 2.600 famílias moradoras da Vila da Luz e da Vila da Paz, em Belo Horizonte, estão ameaçadas de remoção em função da obra de melhoramento e adequação do Anel Rodoviário.

O projeto, orçado em cerca de R$ 800 milhões, não prevê recursos para remoção e reassentamento da população envolvida e já teve o edital anulado pelo TCU (19/08/10), que alegou irregularidades correspondentes a um sobrepreço de cerca de R$300 milhões.

A ocupação, feita por famílias de baixa renda desde 1981, nunca recebeu investimentos públicos e vive em extrema precariedade há três décadas, sem serviços básicos de iluminação, abastecimento de água, esgoto ou coleta de lixo, e ainda sofre com os riscos decorrentes da proximidade com a rodovia.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) havia apresentado uma notificação aos moradores com o prazo de 15 dias para que se retirassem do local e sem apresentar qualquer alternativa. Os projetos de adequação do Rodoanel de BH têm sido divulgados pelo Governo do Estado de Minas Gerais como uma das obras de preparação da cidade para a Copa de 2014.

O Ministério Público já havia advertido o DNIT sobre a necessidade de garantia do direito à moradia digna neste projeto, porém a licitação foi aberta com a aprovação da Licença Ambiental pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte (COMAM) e sem qualquer proposta que se referisse ao equacionamento do destino das 2.600 famílias ameaçadas.

5 comentários sobre “Copa 2014 em Belo Horizonte: 2.600 famílias na rua?

  1. Primeiro anuncia-se a obra colocada em prioridade. Pelo que se observa as condições de moradia desta gente não faz parte dos planos principais. Com certeza devem dizer “em tempo” que isto será resolvido. Mas fica evidente que qualquer iniciativa chega atrasada e pressionada por outros objetivos.
    Nada contra a adequação de infraestrutura para a Copa 2014, mas é preciso um olhar mais cuidadoso para este povo sofrido.

  2. O grande problema é a ausência de organização comunitária. Estas famílias têm direito à propriedade da terra, pela Lei de Regularização Fundiária eles podem acionar o MP e reivindicar os seus direitos.

    Outro fator é a insensibilidade do Estado mediante a situação destas famílias. Pergunto: onde estão as casas do PAC?

  3. Aqui em Porto Alegre, a situação não é diferente. A ampliação da Av Tronco deverá remover 1.300 familias, que igualmente nem a prefeitura nem o governo sabem onde vão colocar. Não há areas publicas para o reassentamento das familias, nada foi discutido neste sentido até agora, nem a possibilidade de regularização e adensamento. Na semana foi aprovado o cronograma da obra e as maquinas devem estar chegando ao local em dezembro. Aí eu pergunto, vamos espalhar cidades de lata como na África pelo Brasil a fora? Este é o Brasil que queremos. Juro por Deus, por mim desta forma a copa podia ir a P()*&¨#%¨%@.

  4. Boa noite, estamos sendo desapropriados aqui em BH devido a ampliação do Hospital Odilon Bherens para a copa de 2014, pois este Hospital é referência em BH, e esta bem próximo ao Estádio do Mineirão, onde será realizado talvez a abertura da copa. O problema não é ser desapropriado, o problema é o que a Prefeitura quer nos indenizar. Nosso imóvel foi avaliado ano passado por 1.300,00 depois disto houve um aumento enorme nos imóveis e simplesmente a Prefeitura quer nos indenizar com menos da metade do valor e utilizando os preços dos imóveis de 2009. Temos 2 casas e um galpão, hoje com o que seremos indenizados, mal compraremos uma casa velha. Estamos desolados e indignados com o desrespeito e como somos tratados como cachorros (sai), meu sogro
    com 85 anos, sempre pagando os impostos corretamente, trabalhou a vida inteira e para ajudar na aposentadoria aluga o galpão e nem o direito de ser indenizado pelo lucro incessante do imovel, ele não tem. Não gostei de ter participado deste programa do governo: “Tira a minha casa, tira a minha vida”. Obrigada. Andréa

  5. Pingback: A Copa de 2014 e suas vítimas | Praxis

Deixe um comentário