Onde os Estados Unidos são terceiro mundo

Reportagem publicada no blog da Patrícia Campos Mello, correspondente do Estadão em Washington

A relatora especial da ONU para o direito à moradia, a brasileira Raquel Rolnik, passou 18 dias em sete cidades dos Estados Unidos e encontrou uma situação digna de terceiro mundo. “Fiquei assustada com a situação da moradia nos Estados Unidos”, disse Raquel, que também é professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Ela já vinha pesquisando o problema da moradia nos EUA há tempos e esperava se deparar com os estragos da crise das hipotecas subprime. Mas encontrou coisa pior: gente morando em carros, muitos moradores de ruas em “cidades de barracas”, famílias inteiras sem-teto, apartamentos superlotados, com três famílias. “É muito difícil achar moradia acessível, as pessoas estão gastando 80%, 90% da renda com aluguel ou parcela do financiamento”, disse Raquel. “Quando a crise chegou, grande parte da moradia pública tinha sido demolida e não foi substituída em números suficientes.”

Ela esteve em Washington, Nova York, Wilkes-Barre, Chicago, New Orleans, Los Angeles e na reserva indígena Pine Ridge.

A ONU tenta desde 2005 enviar um relator para a moradia para os EUA, mas vinha sendo ignorada pelo governo Bush. Só agora, no governo Obama, mais aberto à atuação de instituições multilaterais como a ONU, é que a relatora recebeu sinal verde.

A direita americana esperneou. Um editorial do jornal conservador Washington Times disse que a visita de Raquel era parte da “usurpação gradual da soberania americana” e perguntava porque ela não ia pesquisar a moradia no Brasil.

“Ela deveria voltar para o lugar de onde saiu”, dizia o editorial. “A culpa burocrática de Miss Rolnik deveria ser dirigida ao Brasil, onde 28,9% da população urbana vive em favelas.”

“É claro que de forma absoluta, o problema da moradia é mais grave nos países em desenvolvimento”, disse Raquel. “Mas, de forma relativa, é igual – nos EUA, são milhões de pessoas sem acesso à moradia, no país mais rico do planeta.”

A relatora da ONU diz ser muito difícil comparar Brasil e EUA. Os EUA tiveram, por muitos anos, uma política de moradia abrangente, que foi sendo desmantelado desde o governo Reagan. O país está em uma trajetória descendente, só amenizada por algumas medidas recentes do governo Obama, ela diz.

Já o Brasil, explica Raquel, nunca deve uma política de moradia popular em grande escala. Eram sempre iniciativas da própria população – favelas, loteamentos irregulares – que então eram substituídas por COABs ou Cingapuras, mas em escala muito menor.

Raquel está preparando um relatório sobre tudo o que viu nos EUA. Ela visitou projetos de habitação do governo, bairros com muitas casas em execução de hipoteca, locais onde se concentram moradores de rua e as chamadas tent-cities, que reunem sem-teto em barracas. Também promoveu assembléias com moradores e reuniu-se com representantes de ONGs, além de integrantes do governo Obama. Em março, ela apresenta seu relatório diante do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

4 comentários sobre “Onde os Estados Unidos são terceiro mundo

  1. OS ESTADOS UNIDOS SE TORNARAM UMA PIADA!!!!FALO COM TRISTEZA ,POIS SEMPRE GOSTEI DOS COSTUMES(ALGUNS , É CLARO) DO AMERICANO!!!TINHAM UM EXCELENTE PADRÃO DE VIDA E AGORA??? ACHO QUE EM VES DOS PRESIDENTES AMERICANOSAINDA NÃO ANALISO O BARACK OBAMA) EM VEZ DE SE PREOCUPAREM COM GUERRAS E OUTRAS QUESTÕES SUPÉRFLUAS, QUE SE DEDIQUEM AOS PRBLEMAS INTERNOS GRAVES COMO MORADIA,VIOLÊNCIA ,AUMENTO DA POBREZA,AMERICANOS PASSANDO FOME! COMO PODE????UM PAÍS COM UM PIB DE QUASE 15 TRILHÕES!!!MEU DEUS! TERIA QUE SER CONSIDERADO O MELHOR PAÍS PARA SE VIVER EM TODO OS SENTIDOS PELA DIVERSIFICAÇÃO DOS CLIMAS,EMPREENDEDORISMO AMERICANO,ALTO NÍVEL DE JOVENS EM UNIVERSIDADES! ENFIM! SE PRECOUPEM COM AS QUESTÕES INTERNAS DO PAÍS E MENOS GUERRAS ,DAQUI A POUCO VAI SER UM BRASIL !!PAÍS RICO ,POVO POBRE!

  2. ñ deixem acontecer com nossos indios o q eles fizeram com os dles, salve os verdadeiros donos da terra , digo isso no sentido mais amplo da palavra

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