Churrascão da gente diferenciada: versão “cracolândia”

Agora, o churrasco da “gente diferenciada” será no centro de São Paulo. A provocação está sendo organizada como forma de protesto e acontecerá neste sábado, dia 14, contra o tratamento que o Estado está dando para os dependentes químicos que vivem na região conhecida como “cracolândia”, entre a Santa Ifigênia e os Campos Elísios.

A violência e o desrespeito que têm caracterizado a ação da Polícia Militar fazem parte de um processo de limpeza social e segregação disfarçado por um discurso de combate às drogas, que também oculta o aumento do interesse do setor imobiliária na área . O problema é que a estratégia  de “dor e sofrimento” que a polícia tem adotado de nada vai adiantar para resolver a questão dos dependentes químicos em situação de rua, que só têm se dispersado pelo centro.

O churrascão deste sábado é uma reação bem humorada e bem organizada para mostrar que nem todos concordam com a mera expulsão dos dependentes da região como meio de solucionar o problema das drogas: um problema de natureza muito mais complexa do que aquilo com que o tratamento policial, comprovadamente, pode lidar.

A organização do churrascão pede que as pessoas levem instrumentos musicais, cartazes, vassouras e sacos de lixo, para a limpeza do lugar, além, obviamente, da comida e da churrasqueira – para quem puder. Acesse aqui a página do facebook do churrascão para mais informações.

Quando: Sábado, 14/01, às 16h
Onde: Rua Helvétia com Dino Bueno, São Paulo

33 comentários sobre “Churrascão da gente diferenciada: versão “cracolândia”

  1. Em um momento em que o Governo Federal avança em projetos de combate às drogas e oferece recursos aos Estados e municípios, São Paulo se apressa em esconder o problema para fazer questão de dizer que não precisa de apoio do governo federal. Trata-se da hipocresia, descaso e egoísmo do governo do Estado e do municípo de São Paulo, há anos dominado pela ideologia direitista que atua única e exclusivamente para manter as regalias e interesses da elite paulista.

    • Qual foi o montante que o governo federal destinou a São Paulo? Estou muito interessado se eu vou receber alguma ajuda para sair do vicio.

  2. O churrasco não deve focar apenas no tratamento que o poder público está dando aos dependentes químicos da região. A provocação deve ir além. Por exemplo, a reivindicação de um planejamento inclusivo que leve em consideração o aspecto social, isto é, a população pobre residente/ocupante da região, os desfavorecidos, os moradores da Favela do Moinho, o estabelecimento de estruturas voltadas ao mapeamento do problema, a sugestão de propostas para o tratamento, a integração e a inserção dessa comunidade em atividades de recuperação da dignidade da pessoa humana e também da região, visando a preservação e conservação do patrimônio histórico local e sua memória.

  3. fazer um churrascão no sábado a tarde é fácil, quero ver fazer uma balada lá de madrugada… criticar é sempre muito simples, se a polícia opressora e despreparada estivese expulsando dependentes das porta das casas das pessoas que a criticam, a polícia estaria sendo elogiada, pois afinal, no meio dessa hipocrisia, o que menos importa são so dependentes, que estão abandonados por lá há mais de 20 anos…

    • Cláudio, queria ver se você tivesse a perspectiva de ser despejado quando os usuários fossem “limpados” da área … você moraria nessa Nova Luz “perfeita” que todo mundo acha que vai ser construída por lá?

      • Eu concordo com o Claudio
        e onde estava esse pessoal que resolveu fazer o churrascão nos últimos 20 anos?
        Pq ngm apareceu pra ajudar os dependentes antes?

    • Cláudio nós,produtores do centro de São Paulo,queremos levar cultura para a região,queremos ocupar as ruas com os cidadãos de são paulo. Melhor do que dar porrada,é tratar. Melhor do que dar porrada é dar opção.
      O convite é para todos! Em março faremos um grande festival na região!
      conheça mais sobre o Baixo Centro http://catr.se/sk2kRW

    • Concordo com você. Outra coisa, não entendo muito o que as pessoas aqui estão querendo. O indivíduo não pode ser trancafiado à força para que faça tratamento. Ele tem que querer isso. E vamos combinar, quando que lá vivem querem tratamento? Quem vive nessas condições deveria perder o poder de decisão já que não consegue pensar em outra coisa além da droga. Mas isso não depende da polícia. Ao invés de falarem mal da polícia e governo do estado, vamos fazer churrasco de gente diferenciada em Brasilia. Pedindo que sejam votadas leis que favoreçam as pessoas, incluindo essas que estão vivendo dessa forma. Baixar a maioridade (pq não entra na minha cabeça uma pessoa de 16 anos poder escolher o destino do país e não poder ser responsabilizado pelos seus atos), prisão para quem maltrata animais (sim, porque não é pq eles não falam que eles não sentem), e por aí vai.

    • Caro Claudio, e também Marcos, perguntar onde estava esse pessoal há 20 anos, ou por que nunca se tomou uma atitude correta e bem discutida por igual período para a questão não é argumento pra deixar por mais 20 anos o problema existindo.

    • As vezes me pergunto se as pessoas que defendem “soluções finais” ao estilo de alguns “homens determinados” e hediondos do século XX, realmente sabem ler… Não percebi em nenhum momento que a professora disse que é pre deixar to jeito que está… mas tudo bem… E outra espero que todos que defendem a “solução final” não “dancem” a fatídica música do capital especulativo globalizado… Porque emprego, casa , nos tempos atuais não é algo permanente… E tornar-se virtual para a economia é fácil , fácil…

  4. Acho muito bacana a iniciativa . Inclusao social eh a ordem da casa. Por que nao adotam eles e fazem o churrascao nas suas casas p brincarem de pega pega com seus filhos? Com ctz os comerciantes locais e as imobiliarias agradeceriam

  5. Mora na região dos Campos Elísios há 8 anos. Os que criticam a operação não resolveram o problema nem dos drogados nem dos moradores e trabalhadores da região. O centro de São Paulo, da Luz à Sé, passando pela República está decadente faz muito tempo. O projeto da Nova Luz vai começar a devolver a função social do espaço urbano, prevista na Constituição. Não tenho interesse financeiro nenhum e tão apenas desejo ver a região limpa e digna da maior e mais rica cidade do Brasil. Os viciados são sim um problema sério e devem ser tratados e o tráfico combatido. Mas deixa a cidade se recuperar, ou vamos deixar virar um monte de prédios invadidos pelos sem teto. O Brasil adotou o sistema capitalista e a constituição é avançada em diretrizes sociais. Os demais usuários do espaço, em número milhares de vezes maior que os drogados, agradecem.

  6. Lembrei-me, da música do Legião Urbana; Que país é esse?

    “Manchando os papeis e documentos fieis
    Ao descanso do patrão”…

    Help!!! Que país é esse?
    Marta

  7. Grande Raquel Rolnik ! É uma felicidade ter pessoas como você lutando para construir uma cidade melhor, inclusiva, planejada, verdadeiramente humana. O seu apoio ao movimento é muito importante e muito bem vindo. Sempre.

  8. Resolver o problema é simples:

    Bala na nuca e cova rasa. Ninguém, tenho a absoluta certeza, sentirá(ia) falta desses coitadinhos judiados pelo sistema opressor e elitista salve salve.

    Tá com pena? Leva uns 4 pra casa.

  9. Onde estão os pais destes usuários que não cuidam de seus filhos? Se os próprios pais não cuidam a sociedade vai cuidar, mas sem o amor que eles precisam.
    Droga é um problema social porque os pais se omitiram durante o processo de criação de seus filhos e agora a sociedade ficou encarregada de cuidar daqueles que ninguém mais quer.
    Ser humano não é lixo para que se faça “limpeza”.
    As ruas estão sujas sim, porque os próprios cidadãos as sujam também. Estas pessoas sem teto, marginalizadas precisam sim de internação e trabalho para terem de novo a dignidade e o respeito de todos e deles mesmos.
    No concordo com nenhum tipo de violência, mas também não se pode ficar de braços cruzados, não fazer nada e deixar que as ruas sejam dominadas por traficantes que ganham dinheiro a custas da desgraça de outros seres humanos, que um dia também já foram crianças e que, com certeza, também já foram amadas.

  10. Caraca! Ainda tem gente que acredita que limpar a região é varrer aquele “lixo” pra debaixo do tapete? Lógico que ninguém quer usuários de drogas pesadas na porta de suas casas e brincando com seus filhos. Fazer essas comparações é no mínimo sinal de burrice (melhor burrice do que um arianismo fora de tempo!). Sabemos que o problema é antigo e ninguém deu solução, mas vocês, como pessoas que supostamente conseguem ter a iniciativa de se manifestar, deveriam pelo menos usar o cérebro de vez em quando. Mas de repente vocês estão enquadrados na segunda opção… daí nem vai ter jeito. Ah! Melhor a gente ir lá curtir o churrascão.

  11. Depois do churrasco cada participante poderia levar uns dois viciados na volta pra casa, e acolhe-los na calçadas à frente de suas casas. Assim diminuiriam o transtorno causado aos moradores da região pela turba de zumbis. Daí descobrirão que além de fumar crack na rua em plena luz do dia, eles também urinam e defecam, deixando tudo em volta fétido e insalubre.
    Ainda bem que a polícia, muito tardiamente, isso sim é um absurdo, está jogando a merda no ventilador, espero que agora haja um viciado na porta de cada um desses engajados que até ontem não sabiam o que se passava na região. Precisa da ajuda da TV para tomar conhecimento daquilo que a mídia quer que pensem que é real.

  12. Contra as drogas somente repressão e internação.

    Primeiro reprime e pega os traficantes depois encaminha os usuários para tratamento em clinicas e se o usuário não quiser ir vai mesmo assim, fugiu, volta pra clinica, fugiu volta pra clinica e na terceira vez não quer se tratar e não tem jeito penitenciaria e será tratado como os Vagabundos lá dentro… assim que deve ser.

    PARABÉNS A PM-SP !!!!
    e se houve algum abuso, foi algo até que isolado mas que deve sim ser apurado e repidado. Não ao abuso.

  13. São Paulo?….. a terra é para a garoa. O cimento para construção de moradias. e o dinheiro dos impostos usar para o que e realmente social. A…..a água não é para o Tiete. A cracolándia não é para as cinderelas. Obrigado.

  14. Oal Raquel te vi hoje na tv parabés pelo seu blog.
    trabalho com wordpress e crio layout atravéz de tablelles e php e transformo em wordpress.(temas)
    talvez não goste muito dos temas do wordpress oferece e queira fazer um tema do geito que vc queira estou deixando um video de um layout que fiz para wordpress.
    parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=AHCWAc8pP9U

    parte 2 – http://www.youtube.com/watch?v=3syNwyE2yMY

    qualquer coisa entre em contato.

  15. Tenho um carro conversível antigo e moro no interior de São Paulo. Fui participar de um evento no Pacaembu. Errei o caminho e atravessei o meio da cracolândia antes das nove da manhã.

    Senti o cheiro da podridão e vi os usuários de drogas andando nas ruas, feito zumbis, com expressões cadavéricas de olhos saltados e línguas caídas para fora das bocas. Uma visão dantesca, literalmente. A Medusa da mitologia grega não conseguiria petrificar ninguém ali, pois ninguém naquele lugar fétido olharia nos olhos das outras pessoas.

    Tais usuários de crack perderam o centro de comando de suas vidas. Eles não decidem por si só e foram abandonados por suas famílias, como ocorria no antigo Israel, quando idosos e leprosos de Jerusalém eram levados para “o vale dos infernos” além dos muros da cidade. O inferno bíblico surgiu de um lugar real, portanto.

    A cracolândia é um inferno moderno “intra muros” – que não existem mais no centro, mas nos condomínios da grande São Paulo. Os viciados e suas almas penadas devem continuar abandonados? Claro que não. Também existem cidadãos pagadores de impostos pertencentes a classe média, tão odiada pelos intelectuais de esquerda, que abrem as janelas de suas casas e não se conformam por serem os outros esquecidos pelo Estado.

    Se a atuação da polícia paulista teve um mérito, foi provocar esse debate. Não existe política nacional para o combate desta questão – esta é a verdade. Outra verdade é que a cidade precisa ser de todos, e não apenas dos traficantes e usuários de drogas num lado e gente abastada se fechando com cercas elétricas do outro.

    Lamento que tal discussão seja dirigida por agentes políticos em ano eleitoral. Em breve, alianças nefastas serão seladas e aí quero ver como esse debate será conduzido.

  16. Pingback: Ensaio sobre o desterro | cena de rua

  17. Infelizmente, por conta do ano eleitoral, aparecem pessoas que nunca ouvimos falar para criticar a ação dos governos estaduais e municipais, acontece que a cracolândia estava ali há anos, mas nada era feito pelo bem dos viciados e pelo bem de nós paulistanos e paulistas, ao ir ao centro da nossa capital sentíamos roubados de nosso direito de ir e vir, de caminhar pela nossa cidade e de até contempla-lá, quando finalmente se toma uma atitude, ai, vem esse povo cair de pau. Sou totalmente a favor das ações tomadas, claro que muito terá que se corrigir, pois é assim que acontece em tudo que fazemos, mas o primeiro passo foi dado. Também concordo com a ação da polícia na USP, há uma parcela da sociedade que acha que pode fazer tudo e sair impune as ações praticadas contra cidadãos que trabalham, pagam impostos e seguem às regras e alguns órgãos, ONGS, etc… quer fazer crer a esses infratores que eles podem tudo. NÃO! ELES NÃO PODEM.

  18. Degradação Urbanística Planejada: É muito suspeito o tal do adiantamento da operação policial contra os dependentes do crack, já que a data é a mesma em que a prefeitura espera licitar a concessão urbanística da Nova Luz para os agentes imobiliários lucrar com terrenos por valores irrisórios. Se haverá qualquer atendimento em março aos dependentes na amplitude necessária, veremos na data. De fato, tal ação médica, assistencial e policial deveria ter sido feita desde que começou o problema de drogas no centro há uns 20 anos – e de forma continuada. Da mesma forma que existe a obsolescência planejada da vida útil de algumas linhas de produtos, nasce em São Paulo a nefasta Degradação Urbanística Planejada praticada pelos políticos em prol da especulação imobiliária e em detrimento aos direitos à propriedade e ao trabalho. A dispersão dos dependentes de crack para a porta das casas e dos negócios nos bairros próximos significa a próxima etapa da degradação urbanística planejada que se desenvolve em São Paulo, através da omissão das administrações? Logo teremos novas concessões urbanísticas justificadas em sanar novas cracolândias – a exemplo do projeto Nova Luz? Logo teremos novas concessões urbanísticas para desapropriar outros bairros para os agentes imobiliários continuar a maximizar seus lucros? O paulistano de outros bairros que equivocadamente festeja o projeto Nova Luz também terá, logo, logo, sua casa e seu trabalho desapropriados; e, aí, entenderá, talvez tarde demais, a necessidade de barrar as ações de Kassab e de Police Neto já. Paulistano, temos que clamar em uníssono os malfeitos deste executivo e deste legislativo paulistanos que só agem em favor do mercado imobiliário, em detrimento dos direitos de toda a população da cidade.
    Suely Mandelbaum, urbanista

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