Iniciativas procuram pensar os bairros a partir de seus cidadãos

No início do mês, divulguei aqui no blog um evento que discutiria um Plano de Bairro da Vila Madalena. No evento, que contou com mais de 100 participantes, ficou clara a importância e complexidade de se pensar o bairro a partir de seus moradores e usuários. Alguns leitores deixaram comentários sobre este assunto, um deles foi o urbanista e professor aposentado da FAU USP, Cândido Malta Campos Filho.

De acordo com Cândido, desde junho do ano passado, está em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo o Plano de Bairro de Perus (PL 00331/2011), cuja elaboração foi coordenada por ele. Segundo o urbanista, “a aprovação maciça [do plano] em assembleias abertas a toda a população com votação formal indica que deverá ser aprovado pelos vereadores”. Ele lembra ainda que, se aprovado, este será o primeiro Plano de Bairro aprovado previsto pelo atual Plano Diretor.

Também recebi aqui no blog um comentário de Eduardo Abramovay, integrante de um grupo chamado “Moradores de Pinheiros contra a Verticalização Desenfreada”. Segundo Eduardo, atualmente o grupo tem defendido a criação de um parque em terreno na Rua João Moura onde havia um casarão que, embora protegido pela Justiça, foi derrubado por uma construtora. Os donos do imóvel pretendem construir na área algumas torres e um shopping center. A proposta de criação do parque já se tornou Projeto de Lei e há uma audiência pública sobre o assunto marcada para setembro. Além disso, está circulando um abaixo-assinado em favor da criação do parque.

O fato é que o zoneamento do bairro de Pinheiros permite a verticalização. Isso só poderia ser modificado com a revisão do atual Plano Diretor, que deveria acontecer este ano. No entanto, se o bairro conseguisse elaborar o seu Plano de Bairro, esse debate já poderia ser feito e serviria de subsídio para a revisão do zoneamento.

Saiba mais sobre o grupo “Pinheiros contra a Verticalização”:
Site: http://moverpinheiros.wordpress.com/
Grupo no Facebook: http://www.facebook.com/groups/219598781449304/

Mais sugestões para as férias: nossas cidades pelos olhos de alguns documentaristas brasileiros

Há muitos documentários no Brasil em que a cidade aparece como personagem. Continuando minhas sugestões de programa para as férias, selecionei alguns títulos recentes: dois sobre movimentos de moradia no centro de São Paulo, um sobre a vida de moradores de cobertura, filmado no Recife, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e outro sobre o minhocão, também em São Paulo. Mais sugestões são bem-vindas!

Veja abaixo mais detalhes sobre cada filme:

1. “À margem do concreto” (2005), de Evaldo Mocarzel
O documentário mostra a vida de lideranças do movimento de moradia no centro de São Paulo, acompanhando a rotina dos sem teto e seu modo de viver. A partir de uma perspectiva humanizada, o diretor mostra também ações de ocupação, suas dificuldades e conquistas.

2. “Dia de Festa” (2006), de Toni Ventura e Pablo Georgieff
Neste filme o problema da moradia em São Paulo é narrado a partir do olhar de quatro lideranças femininas do movimento sem teto: Neti, Silmara, Janaína e Ednalva. O documentário acompanha os preparativos para uma ação de ocupação simultânea em sete prédios desocupados da cidade. Saiba mais sobre o filme aqui.

3. “Um lugar ao sol” (2009), de Gabriel Mascaro 
Do alto de coberturas de três grandes cidades brasileiras – Recife, Rio de Janeiro e São Paulo – o diretor pernambucano investiga o olhar de oito moradores dessas habitações de luxo sobre a cidade. Isolamento social, insegurança, vaidade, status e poder são alguns dos temas que emergem do filme, que também nos faz pensar sobre a verticalização e o nosso modelo de cidade. Mais informações aqui.

4. “Elevado 3.5” (2010), de João Sodré, Maíra Bühler e Paulo Pastorelo
O documentário é conduzido a partir das histórias de diversas pessoas que vivenciam o cotidiano dos 3,5 km do minhocão, a via expressa construída no centro de São Paulo nos anos 1960. Do passado ao presente, de baixo pra cima ou de cima pra baixo, cada personagem constrói e reconstrói a história do minhocão. Mais informações aqui.