Na semana passada, a imprensa noticiou que, finalmente, o governo federal e o governo do estado de São Paulo chegaram a um acordo sobre a construção do ferroanel, um arco ferroviário que contornará São Paulo, retirando o tráfego dos pesados trens de carga dos trilhos que cortam a região central da capital e de outros municípios da região metropolitana.
Uma das questões que travou o projeto durante anos foi a disputa geopolítica, entre as duas esferas de governo, com relação ao trecho do ferroanel que seria construído primeiro: o trecho norte, que levará mais carga ao porto do Rio de Janeiro, ou o trecho sul, que escoará carga ao porto de Santos.
As demais polêmicas dizem respeito às soluções de engenharia para o tramo norte (uma das possibilidades era a construção de um túnel dentro de São Paulo, mas hoje está definido que o traçado será paralelo ao do rodoanel norte) e à participação da MRS Logística (concessionária de transporte de carga que usa os trilhos da região metropolitana, compartilhando-os com a CPTM) no empreendimento. Inicialmente, a empresa não demonstrou interesse no negócio, mas depois considerou a possibilidade de participar.
O entendimento do governo estadual e da União, hoje, é de que as obras devem começar pelo trecho norte, que terá 60km. De acordo com matéria do Estadão, “o traçado previsto para a linha deve sair de Itaquaquecetuba, na zona leste da Grande São Paulo, passar por Guarulhos, beirando a Serra da Cantareira, chegar em Perus, na zona norte paulistana, e seguir até Jundiaí”. A previsão é de que as obras sejam concluídas até 2014.
Hoje, os trilhos da CPTM são compartilhados entre o transporte de passageiros e o de cargas. Com a construção do ferroanel, espera-se melhorar tanto o transporte coletivo na Grande São Paulo, já que os trens da CPTM serão exclusivamente de passageiros, quanto o transporte de cargas, que hoje é lento e de alto custo.
Para se ter uma ideia, 97% dos 2,5 milhões de contêineres que chegam anualmente ao Porto de Santos são transportados por caminhão. Com a construção do ferroanel, espera-se que 5 mil caminhões saiam das ruas por dia e que, por ano, o volume de carga transportada por trilhos chegue a 1,5 milhão.