História da limpeza urbana na cidade de São Paulo é contada em livro

Num momento em que o país tenta implementar sua política nacional de resíduos sólidos, aprovada há apenas 2 anos, e que cidades como Rio de Janeiro e São Paulo reciclam menos que 2% de seu lixo, pode ser interessante conhecer um pouco da história da limpeza urbana na capital paulista, a maior cidade do país.

No próximo dia 10 de agosto, será lançado o livro “Limpeza urbana na cidade de São Paulo – uma história para contar”, de Ariovaldo Caodaglio e de Roney Cytrynowicz. São 240 páginas que contam sobre o desenvolvimento da cidade de São Paulo a partir da limpeza urbana.

O levantamento de dados e imagens realizado pelos autores abrange um período que vai desde meados do século XVII até os dias de hoje. Em depoimento ao portal do Estadão, Caodaglio conta que, por muito tempo, o lixo era transportado por mulas e que os caminhões só começaram a ser usados na década de 1930. “As mulas ficavam onde hoje é o Parque do Ibirapuera. Elas eram bem tratadas, tinham uma equipe de veterinários à disposição. Mulas e caminhões conviveram juntos até 1968”, diz o autor.

Clique aqui para ler a reportagem do Estadão sobre a obra.

Resíduos sólidos urbanos e seus impactos socioambientais

No mês de março do ano passado, participei do “I Encontro Acadêmico Internacional “Resíduos Sólidos Urbanos e seus impactos socioambientais””, organizado pelo Instituto de Eletrotécnica e Energias (IEE) da USP.

O evento aconteceu meses depois da promulgação da Lei 12.305, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos, e contou com a participação de especialistas, docentes, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, representantes de órgãos governamentais e acadêmicos de universidades estrangeiras.

Como resultado do encontro, os organizadores produziram o livro “Resíduos sólidos urbanos e seus impactos socioambientais”, que reúne as transcrições das apresentações realizadas pelos participantes, organizadas tematicamente. Minha contribuição está no capítulo 2 da primeira parte da publicação.

Para acessar o pdf do livro, clique na imagem abaixo.

Lixão de “Avenida Brasil”: realidade ou ficção?

Em “Avenida Brasil”, novela do horário nobre da Globo, o público vem acompanhando o drama amoroso de Nina e Jorginho, cujo cenário é um lixão do Rio de Janeiro. Até cena de amor os personagens de Débora Falabella e Cauã Reymond já viveram no local. Seria o lixão de Nina e Jorginho (ou Rita e Batata) ficção ou realidade?

Infelizmente, nem mesmo na Cidade Maravilhosa os lixões são ficção de novela. Recentemente foi anunciado o fechamento do lixão do Jardim Gramacho, o maior da América Latina, muito conhecido por conta do documentário “Lixo Extraordinário”. Finalmente a montanha de lixo de 60m de altura que ocupa uma área de 1,3 milhão de metros quadrados sairá da paisagem do Rio de Janeiro, dando fim ao desastre ambiental que vem causando há varias décadas. Durante mais de 30 anos, todo o lixo produzido na capital fluminense e em mais quatro cidades foi jogado ali.

Os mais de 1.200 catadores que trabalham no lixão do Jardim Gramacho estão preocupados com o futuro, já que é daquele lugar que eles tiram o seu sustento e de seus familiares. No total, mais de 13 mil pessoas moram na área, que depende economicamente do lixão. Com toda razão, eles esperam que o fechamento só aconteça depois que todos os catadores forem indenizados e as condições de sobrevivência econômica sejam asseguradas. Em São Gonçalo, trabalhadores do lixão de Itaoca, que foi fechado em fevereiro, reclamam não ter recebido a indenização que os catadores do Jardim Gramacho receberão e se encontram em situação pior do que a que tinham quando catavam no lixão: sem casa nem sustento.

Em todo o Brasil, do total de 5.565 municípios, mais de 4.400 (80%) ainda têm lixões. Em Brasília, por incrível que pareça, ainda está em funcionamento o lixão da Estrutural, surgido na década de 1960 logo após a inauguração da cidade. Uma das metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2010 pela Lei 12.305, é justamente acabar com os lixões em todas as cidades do país. O prazo estabelecido para isso está perto: é 2014. Os dois casos que eu comentei, no entanto, mostram que o processo de desativação de lixões é complexo, com impactos não apenas ambientais, mas também econômicos e sociais.

“Avenida Brasil”, em que pesem as licenças poéticas da vida no lixão e a visão estereotipada do subúrbio carioca, tem ao menos o mérito de deslocar da telinha o entediante mundo repetitivo da zona sul e mostrar uma realidade pouco vista nas novelas.

Originalmente publicado no Yahoo!blogs.

Para acabar com lixões até 2014, Estados e municípios precisam elaborar seus planos de gestão de resíduos sólidos

No ano passado, comentei aqui no blog que São Paulo recicla apenas 1% do lixo que produz. Até hoje, a cidade não encontrou uma solução para a gestão e destinação final de seus resíduos sólidos. Essa situação se repete na imensa maioria dos municípios brasileiros. Para se ter uma noção, em mais da metade deles, os lixões ainda são uma realidade.

Um das metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2010 pela Lei 12.305, é justamente acabar com os lixões em todas as cidades do país. O prazo estabelecido para isso está perto: é 2014. A lei prevê ainda a implementação da coleta seletiva, da logística reversa e da compostagem de resíduos úmidos, entre outros pontos.

Além disso, de acordo com a nova lei, a partir de agosto deste ano, só terão acesso a recursos federais para desenvolvimento de ações nesta área os Estados e municípios que elaborarem, de forma participativa, um plano de gestão de resíduos sólidos.

Diante desse cenário, o Ministério do Meio Ambiente produziu um manual para orientar Estados e municípios na elaboração de seus planos. Lançada na semana passada, a publicação explica as determinações e diretrizes da nova lei e apresenta orientações para a formulação dos planos.

Leia mais aqui no blog sobre este assunto:
Após 19 anos, foi aprovada a política nacional de resíduos sólidos. Mas quando e como ela se tornará realidade?

Nossas cidades ainda não encontraram uma solução para a gestão dos resíduos sólidos

São Paulo recicla apenas 1% do total do lixo que recolhe. Nos demais municípios da região metropolitana, os melhores índices de reciclagem estão em Santana do Parnaíba, com quase 17%, Barueri e Santo André, ambos em torno de 5%.

Resultado: a região metropolitana de São Paulo, que produz 10% do lixo total do país e que concentra a maior capacidade de inovação tecnológica e de recursos, não conseguiu ainda encontrar uma solução para a gestão e destinação final dos seus resíduos sólidos.

Com isso, continua-se gastando uma fortuna para enterrar o lixo. O cenário de São Paulo ainda é uma beleza, já que aqui não há mais lixões, que são realidade ainda em metade dos municípios do Brasil. Além disso, menos de 20% dos municípios brasileiros possuem coleta seletiva.

Esses números foram apresentados hoje no Encontro Internacional sobre Resíduos Sólidos Urbanos, pela Gina Rizpah Besen, que defendeu tese de doutoramento sobre o tema na Faculdade de Saúde Pública da USP.