Para você que reluta em votar no PT: por que eleger Haddad prefeito e Nabil Bonduki vereador em São Paulo?

Não são poucas as pessoas que tendo, durante anos, acreditado e lutado para levar o Partido dos Trabalhadores (PT) e sua agenda de reformas ao poder no país, hoje se sentem, no mínimo, muito pouco estimuladas a votar em candidatos do partido. Para elas, em diferentes graus – da decepção ao ódio – testemunhar a mimetização do partido com a geleia geral do modo de fazer política no país é razão de indignação e rejeição a seus candidatos.

Infelizmente, a lógica dos fins que justificam os meios, da necessidade da governabilidade acima de tudo sob um presidencialismo de coalizão e um sistema político eleitoral arcaico, tem esvaziado aquilo que o PT prometia – o novo na política, a radicalização da democracia.

Entretanto, o momento eleitoral na cidade de São Paulo exige uma reflexão: nas eleições municipais, acreditar que o que está em jogo é ser contra ou a favor do PT é entrar justamente nesta lógica perversa e desqualificada da política brasileira. E a cidade? E São Paulo?

É na cidade e em seu destino nos próximos quatro anos que devemos refletir ao votar no próximo domingo. Apesar de um crescimento recorde do orçamento público e de uma disposição inédita dos cidadãos em se abrir para uma mudança de modelo de cidade, o mal estar urbano que vivemos hoje é o retrato dos limites e possibilidades da repetição da experiência Serra-Kassab.  A cidade está melhor do que há 8 anos? Para quem?

Como uma espécie de fenômeno midiático, na esteira da redução das múltiplas dimensões da cidadania em apenas uma – o consumo, surge um candidato que denuncia o desrespeito aos direitos do consumidor. Russomano convence porque o desrespeito (ao cidadão, não ao consumidor) é real, porque a inauguração da obra é mais importante que a manutenção e os serviços… O problema é que não se conduz uma transformação da cidade com denúncias. O grande perigo – já vimos este filme! – é a eleição de uma espécie de candidatura-imagem no estilo das mais perversas manobras conservadoras que já vivemos.

E Fernando Haddad? É novo ou é velho? É novo ao priorizar e valorizar um projeto de cidade e procurar apresentá-lo no processo eleitoral; é novo ao se abrir para possibilidades mais amplas de transformação, ao não se apresentar como salvador da pátria e detentor de fórmulas mágicas. É novo porque, sendo novo na política, talvez não seja capturado pela lógica da reprodução dos mandatos a qualquer preço. É uma aposta!

Mas só será uma aposta se sua eleição for acompanhada pela eleição de uma bancada de vereadores também nova. Nova não no sentido de políticos que nunca tiveram mandatos, mas sim de uma Câmara Municipal qualificada, comprometida com as mudanças necessárias na política, inclusive dentro do PT. E como eu já afirmei aqui no blog, o candidato Nabil Bonduki tem exatamente este perfil.

Por isso, é em nome da cidade que ouso sugerir a você, que está com bode do PT, a votar em Haddad prefeito e Nabil Bonduki vereador no próximo dia 7. Por São Paulo!

Para mais informações sobre os candidatos, acesse:

Fernando Haddad 13

Nabil Bonduki 13633

Você conhece Nabil Bonduki, candidato a vereador em São Paulo?

Normalmente, nas eleições municipais, todo o debate e atenção voltam-se aos candidatos à prefeitura e a composição para a Câmara acaba tendo menor relevância. Entretanto, a Câmara Municipal é fundamental nas decisões que se referem à política urbana e a outros temas de gestão da cidade.

Infelizmente, foi-se criando uma cultura de que as câmaras funcionam como uma espécie de linha auxiliar dos Executivos. Por isso, a maior parte dos prefeitos tenta simplesmente conseguir uma maioria genérica de vereadores, sem nenhuma relação com as posições específicas de cada um.

Mas isso pode ocorrer de forma diferente se as eleições para vereador se voltarem ao debate em torno da política urbana e das estratégias de gestão da cidade. Para isso precisamos de candidaturas centradas mais no conteúdo do que em possíveis alinhamentos ou desalinhamentos partidários ou políticos.

É por essa razão que considero fundamental eleger um candidato como Nabil Bonduki nessas eleições pra a Câmara Municipal de São Paulo. E por isso não apenas manifesto aqui meu voto, mas também tomo a liberdade de indicá-lo.

Conheço Nabil desde 1975, quando éramos estudantes da FAU USP e nos debruçamos para entender o processo de formação das periferias de São Paulo. De lá para cá, temos trabalhado em parceria em diversas áreas – política, técnica, profissional, acadêmica.

Para quem não o conhece, Nabil é urbanista, pesquisador e professor da FAU USP, uma das referências no Brasil no campo do urbanismo. Além disso, como gestor, durante o mandato da ex-prefeita Luiza Erundina, formulou e implementou uma política habitacional na cidade de são Paulo que entrou para a história.

Como vereador, promoveu políticas no campo urbanístico, ambiental e cultural, tendo sido responsável por construir um substitutivo do Plano Diretor da cidade de São Paulo, aprovado em 2002, e pela criação do Programa Vai, que até hoje apoia a produção autônoma de grupos culturais na cidade. No ano passado, destacou-se como Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.

Tenho plena confiança de que Nabil é um candidato a vereador comprometido com os temas do direito à moradia, do direito à cidade e de uma cidade melhor, mais justa, mais eficiente e equilibrada para todos.

Pra conhecer melhor Nabil Bonduki, acesse:

Site Nabil Bonduki 13633: http://www.nabil.org.br
Página no Facebook: http://www.facebook.com/NabilBonduki
Twitter: @spNabil

Os paulistanos não podem perder o Cine Belas Artes

O Cine Belas Artes é um patrimônio cultural dos paulistanos. Para muitas gerações que vivenciaram a esquina da Consolação com a Paulista desde os tempos do bar Riveira e da lanchonete Baguete, o fechamento do Belas Artes representará uma grande perda.

Com uma programação diversificada, nao tributária dos blockbusters, o Belas Artes é uma das poucas opções de cinema de rua que ainda existem em São Paulo para pessoas que não gostam de ir a um cinema de shopping com todos os seus inconvenientes.

A preservação desse patrimônio tem um significado muito maior para a cidade do que apenas a defesa de um empreendimento cultural. Os paulistanos não podem perder o Belas Artes!

Abaixo segue um ótimo artigo de Nabil Bonduki, publicado hoje na Folha de São Paulo, contra o fechamento do cinema.

Também está circulando na rede um abaixo-assinado para quem quiser se manifestar.

Não deixe o cine Belas Artes fechar

NABIL BONDUKI

Milhares de paulistanos estão contra o fechamento desse cinema porque se sentem ligados ao local, que é uma referência cultural e urbana

A mobilização que a notícia do fechamento do Belas Artes gerou fala por si só: o cinema é um patrimônio da cidade de São Paulo. Seu desaparecimento seria a perda de um pedaço de nossas vidas e criará uma lacuna que São Paulo, tão desprovida de memória e de lugares significativos, não pode deixar acontecer. Milhares de paulistanos estão contra esse crime porque se sentem ligados ao local, uma referência cultural e urbana.

Não se trata de preservar a arquitetura do edifício, mas seu uso, sua importância como ponto de encontro e espaço de debate cultural. A noção contemporânea de patrimônio é clara: a comunidade, além dos especialistas, tem um papel fundamental na identificação dos bens culturais a serem protegidos.

A noção de patrimônio mudou muito desde que o Estado Novo, por meio do decreto-lei nº 25/1937, criou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e instituiu o tombamento. Na época, prevaleceu uma visão restrita, voltada para os bens com valor arquitetônico e artístico, chamada de “patrimônio de pedra e cal”.

Nessa concepção, os critérios utilizados para a seleção dos bens a serem protegidos eram os de caráter estético-estilísticos, excepcionalidade e autenticidade, valorizando a arquitetura tradicional luso-brasileira, geralmente edifícios isolados, produzida no período colonial. O foco era a criação de uma identidade para fortalecer a construção do Estado nacional.

A partir dos anos 1970, essa noção de patrimônio se alargou para abranger sítios urbanos, manifestações de outros períodos e origens culturais e para valorizar os espaços representativos da vida social e dos hábitos cotidianos da população. Em certas situações, esses podem ser mais relevantes que monumentos de valor arquitetônico.

Valorizando o contexto urbano e edifícios utilizados pela população, essa visão reserva à comunidade um papel ativo na identificação do patrimônio. O tombamento do cine Belas Artes está respaldado no Plano Diretor Estratégico (PDE), do qual fui relator e redator do substitutivo na Câmara Municipal de São Paulo (lei nº 13.540/ 2002). O PDE incorporou integralmente essa visão contemporânea de patrimônio.

Uma das diretrizes do seu capítulo de política de patrimônio histórico e cultural é “a preservação da identidade dos bairros, valorizando as características de sua história, sociedade e cultura” (artigo 89, inciso III); uma das ações propostas é a de “incentivar a participação e a gestão da comunidade na pesquisa, identificação, preservação e promoção do patrimônio histórico, cultural, ambiental e arqueológico” (artigo 90, inciso VII).

De modo coerente com o PDE, parcela relevante da comunidade paulistana identificou um bem que faz parte da identidade de um bairro, que é característico da história e da cultura da cidade, e se mobiliza para garantir sua preservação.

Não é uma questão nova: em 2003, ocorreu uma grande comoção, que impediu o fechamento do Belas Artes e do antigo Cinearte (atual cine Livraria Cultura). Como parte daquela luta, propus uma lei que permite aos cinemas de rua o pagamento do IPTU e do ISS com ingressos, a serem utilizados pela prefeitura em programas de inclusão cultural. Aprovada a lei e passado o sufoco, erramos ao não propor proteção legal permanente para os cinemas.

Agora, não temos tempo a perder; em poucos dias, o Belas Artes poderá ser uma ruína. A Associação Paulista de Cineastas já pediu o tombamento, pedido que eu reforço por meio deste artigo.

O Departamento de Patrimônio Histórico deve elaborar um parecer técnico e o Compresp (conselho municipal do patrimônio histórico) deve convocar reunião extraordinária, antes do final de janeiro, para aprovar o tombamento e não deixar que essa nova catástrofe ocorra em São Paulo.

NABIL BONDUKI é arquiteto, professor de planejamento urbano na FAU-USP e primeiro suplente de vereador da bancada do Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo. Foi vereador de São Paulo pelo PT (2001-2004) e relator do Plano Diretor Estratégico na Câmara Municipal.