Farei alguns comentários sobre a proposta de mobilidade para a Olimpíada. Um dos pontos fortes do projeto apresentado ao comitê olímpico foi o seu realismo. Ele se baseia na criação de corredores de ônibus, que eles chamaram de BRT (Bus Rapid Transit) e que o prefeito Eduardo Paes já está chamando de ‘TransCarioca’. Trata-se de um corredor exclusivo, que em Curitiba é chamado de ‘Ligeirinho’ e em Bogotá de ‘Transmilênio’, um corredor com um desempenho próximo, mas ainda inferior, ao do metrô de superfície.
A proposta apresentada ao COI previa algumas novas linhas destes corredores de ônibus. A principal, que chama T-5, liga a Barra da Tijuca à Penha. Há outra que liga a Barra da Tijuca à Arena Deodoro, no bairro de Deodoro, que também receberá os jogos olímpicos. E está previsto ainda um BRT na Avenida Brasil, substituindo o caos de ônibus que existe lá hoje, também passando por Deodoro e chegando até o Maracanã.
Resumindo, o projeto permitiria uma ligação por meio de corredor de ônibus exclusivo entre todas essas áreas. Uma das hipóteses que foi levantada, inclusive, é que em algumas dessas avenidas as faixas para carros de passeio pudessem ser pedagiadas e o corredor fosse construído por meio de uma Parceria Público-Privada.
Esse projeto todo teria um custo de aproximadamente 5 bilhões de reais, dos quais uma parte já está hoje garantida no PAC da mobilidade, que é o corredor T-5. Acontece que nessa semana já se começa a falar no Rio de Janeiro de, em vez de fazer um corredor de ônibus de Ipanema até a Barra, se trabalhar com a extensão da linha do metrô. O que evidentemente torna o projeto muito mais caro e as perspectivas de realizá-lo um pouco menos evidentes.
Também já começou a desaparecer, na proposta que acabou de ser recolocada pela prefeitura, o corredor exclusivo de ônibus na Avenida Brasil, que a meu ver seria algo absolutamente fundamental.
Moral da historia. A única coisa que parece ser líquida e certa é o corredor que vai da Barra da Tijuca até a Penha, ligando esses espaços dos jogos olímpicos. Este sim está reafirmado, e estão estudando o que vai da Barra até a Arena Deodoro. No mais, a ver.
Qual é o problema disso tudo? Planejamento é planejamento. Uma vez planejado, a gente pega e implementa. Fazendo assim, reabrindo as discussões a todo momento, muito dificilmente teremos essas obras implementadas na sua totalidade, com controle do gasto público, até a data prevista, que é 2016.
Mas lembro também que esse não é todo o projeto de mobilidade do Rio. Há também melhorias no sistema de subúrbio e extensões de metrô já previstas e em obras, como até Ipanema e novas interligações, que também fazem parte da proposta do Rio de Janeiro.
O jornal carioca “O Dia” preparou dois infográficos sobre o projeto de corredores de ônibus. Estão disponíveis aqui e aqui.