Finalmente o trem da CPTM chegará até o aeroporto de Guarulhos

No final do mês passado, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo anunciou que estenderá o trem da CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos) até Guarulhos, incluindo o aeroporto de Cumbica. Finalmente uma decisão sensata sobre o assunto, infelizmente com pouca repercussão na mídia.

O novo trem sairá do Brás e chegará a Cumbica em 23 minutos. As obras deverão ficar prontas até 2014. Por muito tempo o governo do Estado hesitou em levar a rede da CPTM até o aeroporto de Guarulhos.

A ideia inicial era que o trem da CPTM chegasse apenas até a região do Cecap Zezinho Magalhães e que um outro trem – o chamado expresso aeroporto – fizesse a ligação até Cumbica, com um serviço diferenciado, mais confortável, saindo da estação da Luz direto para o aeroporto.

O projeto seria feito através de uma PPP (parceria público-privada) e teria uma tarifa bem salgada, na época estimada em torno de R$ 35,00, bem mais cara que os R$ 2,90 do trem da CPTM. Com esse valor, portanto, o expresso aeroporto não atenderia em absoluto nem a população de Guarulhos nem mesmo os trabalhadores do aeroporto que se deslocam diariamente entre as duas cidades.

Com o anúncio do projeto do trem-bala pelo governo federal, que também faria uma ligação direta entre São Paulo e Cumbica, partindo da estação da Luz, a ideia do expresso aeroporto ficou inviabilizada e foi engavetada. O fato é que, até agora, a própria viabilidade do trem-bala permanece incerta.

Mas o mais importante é que tenhamos o trem comum para a cidade de Guarulhos, que tem mais de 1 milhão de habitantes, e o aeroporto de Cumbica, onde trabalham mais de 28 mil pessoas, inserindo a cidade no sistema de transporte coletivo de massas, já que os trens estão ligados à rede de metrô.

O desafio agora é lutar para que os trens da CPTM – que hoje funcionam com intervalos de 6 minutos, superlotados e lentos – alcancem um melhor padrão de qualidade e conforto sem que para isso seja preciso inventar um negócio milionário. Alguns trechos que já passaram por reformas mostram que é possível melhorar o desempenho e o conforto dos trens dessa rede.

Leia mais sobre este assunto na Folha Online.

Nem trem-bala, nem expresso aeroporto. Por que não uma solução mais simples e viável?

E mais uma vez o governo adia o leilão do trem-bala que, em tese, ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, passando por seus principais aeroportos. É o que afirma matéria da Folha Online da tarde de hoje.

Além disso, há uma contradição entre a proposta do trem-bala e a do expresso aeroporto, um trem especial que ligaria o centro de São Paulo e o aeroporto de Guarulhos, já que um inviabiliza o outro.

Parece que os governos federal, no caso do trem-bala, e estadual, no caso do expresso-aeroporto, estão tentando montar uma equação que, simplesmente, não fecha. Enquanto nada se define, a população continua enfrentando longos congestionamentos e desconforto para se deslocar até Guarulhos, Campinas e seus aeroportos.

Por que não investir numa linha normal de trem, que é mais barata e poderá resolver imediatamente o problema de mobilidade até as duas cidades?

Apesar das críticas técnicas e da desistência de concorrentes o Governo Federal insiste no leilão do trem-bala. Por quê?

A proposta do trem-bala ligando São Paulo ao Rio de Janeiro e Campinas tem sido alvo de questionamentos técnicos e orçamentários, tanto por parte de especialistas em transportes, como de empresas envolvidas em obras similares, como temos visto a imprensa noticiar nos últimos dias.

Com base nestes questionamentos, o Ministério Público Federal do Distrito Federal recomendou ontem a suspensão do edital de licitação, que prevê para a próxima segunda-feira a entrega das propostas pelos consórcios interessados no projeto. Esta semana um consórcio japonês anunciou que desistiu de concorrer ao edital.

Em primeiro lugar, gastar 34 bilhões para gerar uma alternativa ao avião na ligação entre estas cidades não parece fazer sentido, nem do ponto de vista de um sistema de transporte público, nem de sua viabilidade econômica, considerando que hoje não temos sequer alternativas adequadas ao automóvel e ao ônibus na ligação entre estas cidades e entre os aeroportos de Guarulhos e de Viracopos.

O próprio governo admite que o projeto do trem-bala não se sustenta do ponto de vista financeiro ao aprovar às pressas uma Medida Provisória através da qual se compromete a subsidiar com cinco bilhões a futura operação caso ela não se viabilize sozinha.

Então, por que a insistência neste projeto e por que tanta pressa? Por que o transporte metropolitano e megametropolitano (é disto que se trata) não pode ser tratado como se deve, de forma planejada, considerando as diversas modalidades necessárias e a integração do território nacional?

Diálogo entre Infraero e municípios é fundamental aos investimentos aeroportuários para a Copa de 2014

Depois de muitas críticas quanto à infraestrutura para a Copa do Mundo, a Infraero anunciou esta semana a previsão de investimentos para os aeroportos até 2014. No total, serão quase R$ 6 bilhões. Destes, 49% virão dos cofres públicos e o restante, da estatal aeroportuária. O volume de passageiros no Brasil deve crescer em torno de 10% durante a Copa. Mas, para a realização destas obras, é preciso haver comunicação e planejamento acima de tudo.

Se os investimentos nos aeroportos brasileiros realmente forem acontecer, é necessário que haja total compatibilização entre os planos e zoneamentos municipais, ou seja, as propostas que os municípios têm para o seu futuro, e os planos da Infraero. Se não for dessa forma, poderão ocorrer conflitos que inviabilizarão os próprios planos de expansão.

As propostas de ampliação de aeroportos como o de Viracopos, em Campinas, e o de Cumbica, em Guarulhos, na grande São Paulo, são exemplos de projetos que esbarraram na existência de uma imensa ocupação irregular, já consolidada, nas regiões próximas aos terminais. No fim das contas, os planos tiveram que ser mudados.

Criar novas regiões metropolitanas não garante uma melhor forma de gestão das cidades

As conurbações que estão acontecendo no Estado de São Paulo, como Campinas-Sorocaba, ao longo da rodovia Santos Dumont, Jacareí-Caçapava, Taubaté-Tremembé, ao longo da Dutra, entre outras, colocam algumas questões sobre a gestão das cidades.

Nós já conhecemos as conurbações aqui na Região Metropolitana de São Paulo, que além de Osasco, Guarulhos, várias cidades do ABC, inclui mais de 30 municípios. Elas ocorrem quando as cidades crescem e se juntam, acabando com suas fronteiras. E este fenômeno está acontecendo também no interior, como, por exemplo, na região de Sorocaba.

Entre Sorocaba e Campinas praticamente não há mais diferença, passa-se de um município a outro sem que haja nenhuma fronteira, nenhum espaço rural separando as duas cidades. E neste momento está em discussão um Projeto de Lei que pretende criar a região metropolitana de Sorocaba, com 16 municípios, assim como já existe a da Baixada Santista, a de São Paulo e a de Campinas.

A pergunta é: isso vai resolver alguma coisa? Infelizmente, não. Nas regiões que já foram criadas, não se conseguiu implementar uma gestão metropolitana de fato. Ou seja, não se conseguiu construir uma forma de administrar as cidades que pudesse, simultaneamente, fazer com que todos os municípios participassem, tivessem posição, poder de decisão.

O incrível é que no Brasil nós criamos a ideia de autonomia municipal, federal e estadual, mas não conseguimos construir ainda uma forma de trabalhar com cidades que ocupam mais de um município. Isso é um grande problema no país e no Estado de São Paulo e não me parece que esteja sequer sendo discutido hoje no âmbito das campanhas para governo estadual e federal.

E a situação só tende a piorar. Não há nenhuma perspectiva de que as cidades diminuam de tamanho. Isso não vai acontecer. E todo esse investimento na direção da melhoria das rodovias e toda essa urbanização dispersa que foi e continua acontecendo ao longo delas tende a tornar cada vez mais urgente essa questão. E de nada adianta ter uma região metropolitana legal, criada por Lei, se de fato não houver uma administração metropolitana ou supramunicipal.