Fretados devem ser regulamentados e integrados ao transporte coletivo

Na próxima segunda-feira, 27, começam a valer algumas restrições para os ônibus fretados que circulam na cidade de São Paulo. Os fretados terão que deixar os passageiros em bolsões integrados ao transporte coletivo ou em estacionamentos privados, e não poderão mais transitar nas Avenidas Paulista, Brigadeiro Faria Lima, Luís Carlos Berrini e 23 de Maio.

Tenho sistematicamente defendido que a prefeitura deve regulamentar os fretados. Eles são um meio de transporte como os outros, e devem ser regulamentados da mesma forma que a prefeitura fez, no passado, com as vans. Elas começaram como algo clandestino, privado, e no final acabaram integradas ao sistema de transporte coletivo. E é assim que tem que ser.

Não faz sentido os fretados poderem circular livremente pela cidade, onde e como quiserem, ao contrário de todos os demais meios de transporte, que obedecem ao rodízio e outras restrições. É positivo que eles não possam mais fazer pinga-pinga e transitar nas avenidas de maior circulação da cidade, que, coincidentemente, são as que têm uma grande oferta de transporte coletivo de qualidade, como a Avenida Paulista.

Tem sido dito que os usuários de fretados migrarão para o carro particular, piorando o trânsito. Mas se as pessoas saem de lugares próximos e vão para o mesmo destino, elas poderiam montar um esquema de transporte solidário, até um ponto de transporte coletivo. A Paulista e a Berrini têm trens do Metrô e da CPTM.

O recuo da prefeitura em relação à proposta original, contudo, pode criar um problema. Ela proibiu o pinga-pinga e os fretados em quatro avenidas, mas liberou o ponto-a-ponto, desde que haja locais de embarque e desembarque claramente definidos e privados, no interior dos lotes. Isto pode levar à circulação de ônibus em ruas onde eles não circulam hoje, provocando problemas de trânsito em outros lugares.

E há mais uma questão que me preocupa. Esses ônibus que sairão dos bolsões para atender os passageiros deixados pelos fretados talvez não sejam novos ônibus, mas veículos que já integram a frota. E há muitas reclamações de que os ônibus estão superlotados. Se veículos forem deslocados para outra finalidade, algumas linhas ficarão ainda mais superlotadas. E o sistema de transporte coletivo sobre rodas é o que recebe mais queixas dos paulistanos.