Até quando nós, mulheres, teremos medo de andar nas ruas?

Foto_ Tuane Fernandes _ Mídia NINJA

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

É evidente em São Paulo, no Brasil e no mundo a emergência de um movimento feminista renovado e potente, que tem tomado as ruas em protestos como a Marcha das Mulheres contra Trump nos Estados Unidos. Na cidade de São Paulo, especialmente as mulheres negras têm protagonizado esse novo movimento, denunciando uma cultura machista e racista e mostrando as indissociáveis conexões entre elas. O lugar das mulheres na esfera da domesticidade – somos as “Rainhas do Lar”, como reiterado no desastroso discurso de Temer – é onipresente em nossa sociedade e conforma uma tensão permanente quando se trata da presença das mulheres na rua e nos espaços públicos.

É impressionante a naturalidade com que tratamos dessa exclusão. Recentemente, caminhando às 7 da manhã nas calçadas próximas a um bosque público, minha reação imediata e “natural” foi me questionar se eu poderia ou não entrar ali, temendo um possível assédio. Ao questionar outra mulher moradora das redondezas se era seguro entrar naquela área, sua resposta foi “desacompanhada, eu acho que não. Só entraria acompanhada por um homem”.

Ainda é muito comum a ideia de que mulheres só podem andar em segurança em determinados espaços, especialmente aqueles com menos visibilidade e iluminação, se estiverem acompanhadas pelo marido, pai, companheiro, amigo. O simples fato de me questionar se eu poderia ou não entrar naquele parque, algo que ocorre frequentemente com outras mulheres, é algo que não deveria ser naturalizado. Por que as mulheres não podem andar nas ruas, nas praças, nos parques, nos bosques, sozinhas ?

Não se trata de uma questão de segurança genérica, que em tese atingiria mulheres e homens igualmente. Muito menos de um tema afeito à esfera policial. Tem a ver com um estigma cultural, o pressuposto imposto a todas nós de que uma de nós sozinha, em um espaço público, está ali para ser assediada sexualmente, o que nos impede o acesso a um direito básico: o de circular e ocupar livremente a cidade, na hora e como se quiser.

Manifestações como as de ontem (8), no Dia Internacional da Mulher, e ao longo de todo o ano, no entanto, ao explicitar e desnaturalizar esse estigma, aumentam nosso otimismo e nos fazem ter certeza de que as lutas feministas são essenciais para que tenhamos cidades para todas e todos.

Também comentei sobre isso na minha coluna na Rádio USP dessa semana. Ouçam a íntegra aqui.

 

São Paulo da folia

Ilú Oba de Min na primeira das duas saídas do cortejo neste carnaval. Foto: Alécio Cezar

Comentei sobre a mudança do ethos da cidade de São Paulo na minha coluna da  semana passada na Rádio Usp. A cidade que não podia parar está pulando o carnaval e se apropriando das ruas.
Ouça o comentário completo na Rádio  Usp.

São Paulo, 463 anos. Gestão Doria, 25 dias

Foto: @nandobenevenute/Instagram

Foto: @nandobenevenute/Instagram

Para além de anúncios ainda genéricos em seus primeiros 25 dias, o novo prefeito da cidade de São Paulo, João Doria Jr., já tomou algumas medidas concretas: aumento da velocidade nas marginais, extinção de modalidades de bilhete único temporal e tentativa de aumentar as tarifas de integração e o Programa Cidade Linda, que incluiu ações de limpeza urbana, com alvos como grafites e pixações e moradores de rua.

Apesar de ainda restritas, essas decisões impactam diretamente sobre uma das mudanças mais significativas que a cidade estava vivendo nos últimos anos: a ruptura com a hegemonia do automóvel sobre todas as demais formas de circulação e a ampliação das possibilidades de circulação e presença, especialmente dos jovens moradores das periferias mais distantes, o que, em conjunto, vinha mudando a cara da capital paulista.

O aumento da velocidade das marginais é um recuo explícito na tentativa de reversão de uma submissão histórica aos automóveis e sua ditadura da velocidade a qualquer custo, inclusive de vidas humanas. No caso do Cidade Linda, trata-se do apagamento da presença de jovens do espaço público, especialmente dos que vivem nas periferias, transcendendo sua presença física ao invisibilizar marcas da expressão simbólica desses grupos na cidade. Essas medidas se aliam à reversão da presença física desses mesmos jovens nos espaços centrais e mais visíveis da cidade, que foi sendo crescentemente garantida através do aumento da mobilidade conquistada com a integração entre ônibus e trilhos, a priorização do transporte coletivo e as várias modalidades de bilhete único.

É essa presença, física e simbólica, que tem mudado a cara da cidade, nos lembrando quem é  a maioria dos habitantes de São Paulo, que estas primeiras medidas tomadas pelo novo prefeito  desejam agora reverter. Os grafites começaram como presença transgressora na paisagem da cidade, mas de certa forma foram a ela  incorporados, especialmente quando o ex-prefeito Fernando Haddad promoveu espaços para sua realização, como nos muros da Avenida 23 de Maio ou nos Arcos da Rua Assembléia, agora pintados de cinza. A ação de Doria, portanto, além de tentar invisibilizar essa expressão e seus protagonistas, busca apagar da cidade as marcas da gestão anterior, em uma clara lógica político-partidária.

Para além da disputa de “marcas” de gestões vinculadas a partidos distintos, apagar grafites e pixações carrega sentidos mais amplos. Isso fica evidente, por exemplo, no caso da Ponte Octávio Frias de Oliveira, conhecida como Ponte Estaiada, ícone de uma São Paulo corporativa e globalizada. Sua escolha como “símbolo” da cidade projeta a imagem de uma centralidade de alta renda, dependente do automóvel e vinculada à arquitetura que o complexo imobiliário financeiro implantou na cidade, desprezando sua heterogeneidade. Desde sua inauguração, o local  já foi  alvo de protestos por não permitir a circulação de ônibus ou bicicletas. Justamente em uma ação de contestação a tudo isso, a ponte foi pixada. Numa ação muito eloquente da mais nova batalha desta  guerra simbólica,  o novo prefeito não só mandou apagar os pixos, como também instalar ali  câmeras de segurança  e policiamento por meio da GCM 24 horas  no local.

Essas medidas, entretanto, não estão sendo implementadas sem contestação e resistência, haja vista os protestos que já têm tomado as ruas e as redes sociais e a ação contrária às ações municipais no judiciário. Daqui para frente, devemos esperar mais embates ainda, conforme se concretizem outras medidas de mesmo teor, como a proposta anunciada de confinamento da Virada Cultural no Autódromo de Interlagos.  Essa proposta tem tudo a ver com a proposição por parte do novo prefeito de criar “grafitódromos”, locais específicos onde grafiteiros e pixadores possam se expressar, demonstrando total ignorância sobre a natureza dessas expressões.

São Paulo não merece esse tipo de retrocesso como presente de aniversário. A ocupação heterogênea dos espaços públicos, com todo conflito que isso tem provocado, é uma enorme conquista. Cabe a nós ter a imaginação e inteligência político-social para administrar essa nova realidade e transformar a gestão desses espaços de forma a melhor acolher essa diversidade. Negá-la, reprimi-la e apagá-la apenas exacerbará os conflitos.

Publicado originalmente no portal Yahoo!

Lições da Avenida Paulista Aberta

Avenida Paulista, 23 de Jul 2015. Foto: Cezar Martins

Avenida Paulista, 23 de Jul 2015. Foto: Cezar Martins

Teatro infantil, circo ou biblioteca itinerante? Orquestra sinfônica, bloco de carnaval, grupo de rock ou cantor de brega? Bicicleta, patins, skate ou patinete? Caminhar, correr, pular corda ou jogar frescobol? Ou será melhor estender uma canga pra se bronzear? Domingo passado (23), na Avenida Paulista, teve lugar pra tudo isso. Com a inauguração da ciclovia da Avenida Bernardino de Campos, a Paulista foi novamente fechada para carros e ocupada por pessoas de todas as idades, com as mais diversas atividades de lazer, assim como já tinha acontecido em junho. Bastou tirar os carros e tudo isso estava lá!

Essa é a primeira lição que esses dois dias de Paulista aberta para as pessoas nos deixa: não é necessário inventar nada muito mirabolante para gerar espaços de cultura e lazer nas cidades. Em vez de superprojetos e obras caríssimas, basta abrir espaços que as pessoas automaticamente os ocupam!

Obviamente, a Paulista não é um lugar qualquer: é uma região de alta qualidade urbanística, com boa manutenção, e de fácil acesso por transporte público. Mas o que essa experiência deixa claro é que não precisamos de certo tipo de urbanismo que, em nome de criar espaços públicos e áreas de lazer, promove uma superexploração do espaço, exigindo muitos recursos para sua implementação e manutenção. E que, por outro lado, investir em boas calçadas, com piso adequado, em arborização e iluminação, e manter limpos e bem conservados os lugares, ou seja, o bê-a-bá ou grau zero do urbanismo, basta. Muito do que acabo de mencionar, inclusive, é mais gestão do que obra.

A segunda lição é que o lazer e a diversão nem sempre demandam megainfraestruturas de espetáculos e eventos. As pessoas também organizam, promovem e criam suas expressões artísticas e seus próprios “eventos”, basta que haja espaços disponíveis para isso. E foi o que vimos domingo: sem carros, a Paulista acolheu apresentações de teatro, circo e música e também as mais diversas brincadeiras e jogos, muitas vezes inventados ali, na hora.

Mas, claro, tem gente que prefere a Paulista cheia de carros e poluição até aos domingos. O Ministério Público, por exemplo, recorrendo a um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado em 2007, defende que a via não seja fechada para carros aos domingos. Esse TAC limita a três o número de vezes que a via pode ser fechada por ano para eventos – Parada Gay, Corrida de São Silvestre e festa de Reveillon.

Como todo acordo, acredito que esse TAC pode ser revisto. Seu argumento, aliás, é bastante discutível: quem decidiu que a prioridade da via é o tráfego de veículos inclusive aos domingos? Em que norma isso está escrito? Essa é uma opção de política pública: queremos que a prioridade da Paulista aos domingos seja o lazer das pessoas ou a circulação de carros? Se for o lazer das pessoas, então é absolutamente aceitável que a via seja aberta, independentemente da existência desse TAC.

Também a Associação Paulista Viva tem se posicionado contra o fechamento da via para carros, alegando prejuízo de bancas de revista, taxistas, hotéis e estacionamentos. Este último certamente deve ser afetado, não há como ser diferente. Em uma cidade sem carros, estes desaparecerão… como desapareceram outros tipos de atividade comercial na história: quem se lembra das videolocadoras? Os demais, tenho dúvidas. Eventualmente o comércio pode sentir algum impacto, claro, mas vimos que muitas outras oportunidades surgem, como a pracinha de alimentação montada na Praça Oswaldo Cruz, e que os próprios estabelecimentos já estão tentando se adaptar ao novo contexto, oferecendo serviços para ciclistas e promovendo ações para atrair o público presente na avenida.

Para quem anda pela Paulista aos finais de semana, já era evidente o que de fato ocorreu com a abertura da avenida para as pessoas: o enorme movimento de apropriação das calçadas queria mais, não cabia nos estreitos limites do passeio… E assim foi!

*Publicado originalmente no Blog Habitat do Portal Yahoo!.

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

Foto: Mariana Pires

Foto: Mariana Pires

Paulista 3 Mari

Foto: Mariana Pires

Foto: Julio Cesar Soares

Foto: Julio Cesar Soares

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

Paulista 2 Mari

Foto: Mariana Pires

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

Foto: Cezar Martins

 

Festa junina colaborativa no Minhocão

Desde o mês passado, o pessoal que realizou o Festival Baixo Centro está envolvido na organização de uma grande festa junina no Minhocão, em São Paulo. Mas, para viabilizar a infraestrutura do evento, os organizadores precisam arrecadar R$ 8 mil até o dia 21 de junho.

A festa está marcada para acontecer no dia 1º de julho, a partir das 15h, e os idealizadores do evento convidam todos a “aproveitar o domingo para comer pipoca, pé de moleque e bolo de fubá, um domingo para brincar com as crianças, escutar baião, sentir o cheiro do quentão e dançar quadrilha no Minhocão!”.

Além de homenagear o centenário de Luiz Gonzaga, a festa contará com oficinas de arte, brincadeiras típicas, teatro, grupos folclóricos, contação de história, palhaços, projeções de arte digital e, claro, forró pé de serra e sambada de coco.

A alimentação, no entanto, será por conta dos participantes, ressaltando o caráter colaborativo do evento. Segundo os organizadores, “A ideia é realizar um piquenique coletivo em que cada participante traga um prato típico.”

Até o dia 15 de junho, os organizadores receberão propostas de atividades de colaboradores. A ideia é que estas atividades sejam realizadas com apoio dos recursos arrecadados coletivamente. Para enviar propostas, é necessário preencher este formulário.

Para mais informações sobre a festa (inclusive com relação ao orçamento) e para participar da vaquinha, clique aqui.

O evento tem também uma página no Facebook.

Leia também o comunicado enviado à imprensa pelos organizadores.

Queremos uma virada cultural pra valer

No último fim de semana, a população de São Paulo e do Rio de Janeiro contou com uma grande opção de atividades artísticas e culturais, graças à realização da Virada Cultural e do Viradão Carioca.

Em sua 8ª edição, o evento paulistano atraiu mais de 4 milhões de pessoas às 900 atrações espalhadas em mais de cem locais da cidade, a maior parte concentrada na região central. A programação da Virada Cultural começa sempre às 18h de sábado e termina às 18h de domingo, com programação ininterrupta e metrô aberto durante toda a madrugada para atender o público.

Já no Rio de Janeiro, cerca de 300 mil pessoas compareceram a um dos quatro palcos espalhados pela cidade para assistir a uma das 60 atrações programadas para a 4ª edição do Viradão Carioca. Foram dois palcos na Zona Sul – um em Copacabana, outro no Arpoador -, um na Zona Oeste, em Bangu, e outro na Zona Centro-Norte, na Quinta da Boa Vista. Diferentemente de São Paulo, a programação na capital carioca começa na sexta-feira e termina no domingo, com intervalos.

Obviamente que programação cultural farta e gratuita, ocupando ruas e espaços públicos – livres dos carros – com transporte coletivo 24 horas, é um sonho… Mas um megaevento artístico que ocupa a cidade durante apenas um dia, ou um fim de semana, é mesmo uma virada cultural?

No caso de São Paulo, o desafio da nossa cultura é ocupar a cidade permanentemente, de forma segura e heterogênea. A arte, com sua capacidade de deslocar sentidos, produz reflexão, rebeldia, transformação. Mas essa capacidade de promover mudanças de fato na cultura urbana só é possível se não estiver confinada a um único evento, em um único dia. Uma política permanente que abra espaço para a ocupação artística da cidade é que seria de fato uma grande virada cultural.

Viva a voz das ruas

Nas últimas semanas, manifestações de rua em todo o país foram destaque em vários veículos de mídia. O que há de novo – mas nem tanto – nesta forma de protestar e manifestar opiniões?

Não é de hoje que ocupar ruas, praças e avenidas para reivindicar direitos e manifestar ideias publicamente tem marcado nossa história: sem ir muito longe, a chamada “revolta da vacina”, no Rio de Janeiro dos primeiros anos do século passado, parou a cidade durante dias. Os manifestantes se opunham à imposição da vacina obrigatória, mas também protestavam contra o bota-abaixo que o então prefeito Pereira Passos estava promovendo na cidade, destruindo bairros e rasgando avenidas.

Das barricadas anarquistas à campanha das diretas, da passeata dos cem mil em 1968 à marcha da maconha, das marchas a favor dos direitos das mulheres aos atos contra o racismo e a homofobia, das manifestações contra os baixos salários em diversos setores da economia às lutas por moradia, em defesa do meio ambiente, por melhores condições de transporte público e contra o aumento das tarifas: as ruas sempre foram nosso espaço prioritário de reivindicação de direitos e de manifestação pública de opiniões.

A novidade, hoje, talvez, seja a utilização da internet como ferramenta de mobilização – rápida e instantânea –, com capacidade de alcançar públicos mais amplos, heterogêneos e não previamente organizados em movimentos, associações, partidos, torcidas ou confrarias. O “churrascão da gente diferenciada”, em Higienópolis, convocado por Facebook, é um ótimo exemplo disso.

Quando a rua vira palco, o transeunte – que não vive a rua, apenas passa por ela – de repente vira ator, protagonista e, portanto, cidadão. Por sua vez, a cidade também se transforma: de lugar puramente de circulação e consumo a espaço público, polis. Quem já foi gritar nas ruas sabe que a sensação é indescritível: o tempo para, criando uma espécie de vácuo onde tudo é possível. Claro, de vez em quando, as buzinas, e/ou a polícia, nos lembram que aquele era só um momento, que não podia nem devia durar para sempre. E parece que tudo volta ao normal… Será?

Texto originalmente publicado no Yahoo!Colunistas.

Virada Esportiva: evento pontual ou política permanente de esporte e lazer?

Começa neste sábado, às 8h, a quarta edição da Virada Esportiva de São Paulo. Serão 36 horas de atividades gratuitas – voltadas para públicos de todas as idades – em várias regiões da cidade. Segundo os organizadores, duas mil atividades foram programadas e cerca de três milhões de pessoas são esperadas. O evento termina às 20h de domingo.

Você pode checar a programação no site oficial da Virada Esportiva: http://viradaesportiva2010.com.br

A participação da população num evento como este – 1 milhão de pessoas na primeira edição, 3 milhões na última – evidencia que existe na cidade uma forte demanda por atividades esportivas e recreativas. A ocupação dos espaços públicos com esse tipo de atividade é positiva em vários aspectos: tanto pela promoção da saúde, quanto pela inclusão social através do esporte e até mesmo do ponto de vista urbanístico pela valorização dos espaços.

No entanto, falta a São Paulo uma política pública permanente de esporte e lazer, que ofereça à população, gratuitamente, programas regulares de atividades físicas – com orientação de profissionais de educação física, nutrição e de outras áreas da saúde – e que qualifique os espaços públicos, principalmente na periferia da cidade. Algumas cidades já têm políticas deste tipo, como Recife e Fortaleza. No Recife, por exemplo, desde 2002 funciona o programa Academia da Cidade, tanto em regiões nobre quanto em bairros da periferia.