Queremos uma virada cultural pra valer

No último fim de semana, a população de São Paulo e do Rio de Janeiro contou com uma grande opção de atividades artísticas e culturais, graças à realização da Virada Cultural e do Viradão Carioca.

Em sua 8ª edição, o evento paulistano atraiu mais de 4 milhões de pessoas às 900 atrações espalhadas em mais de cem locais da cidade, a maior parte concentrada na região central. A programação da Virada Cultural começa sempre às 18h de sábado e termina às 18h de domingo, com programação ininterrupta e metrô aberto durante toda a madrugada para atender o público.

Já no Rio de Janeiro, cerca de 300 mil pessoas compareceram a um dos quatro palcos espalhados pela cidade para assistir a uma das 60 atrações programadas para a 4ª edição do Viradão Carioca. Foram dois palcos na Zona Sul – um em Copacabana, outro no Arpoador -, um na Zona Oeste, em Bangu, e outro na Zona Centro-Norte, na Quinta da Boa Vista. Diferentemente de São Paulo, a programação na capital carioca começa na sexta-feira e termina no domingo, com intervalos.

Obviamente que programação cultural farta e gratuita, ocupando ruas e espaços públicos – livres dos carros – com transporte coletivo 24 horas, é um sonho… Mas um megaevento artístico que ocupa a cidade durante apenas um dia, ou um fim de semana, é mesmo uma virada cultural?

No caso de São Paulo, o desafio da nossa cultura é ocupar a cidade permanentemente, de forma segura e heterogênea. A arte, com sua capacidade de deslocar sentidos, produz reflexão, rebeldia, transformação. Mas essa capacidade de promover mudanças de fato na cultura urbana só é possível se não estiver confinada a um único evento, em um único dia. Uma política permanente que abra espaço para a ocupação artística da cidade é que seria de fato uma grande virada cultural.

Fora do Eixo: congresso debate cultura e política em São Paulo em dezembro

De 11 a 18 de dezembro, São Paulo receberá a 4ª edição do Congresso Fora do Eixo. Segundo os organizadores, serão mais de mil congressistas, de 26 estados e mais de 10 países, 500 conferências, 2 mil reuniões livres, centenas de grupos, dezenas de redes, milhares de projetos e infinitas idéias.

Durante uma semana, os participantes poderão participar de debates relacionados à cultura e política, em conferências, consultorias, observatórios livres, grupos de trabalho, conversas, encontros e fóruns, atos, banquinhas, plenárias e ainda programação cultural. Entre os temas a serem debatidos estão economia criativa, artista e mercado cultural, novas tecnologias sociais, empreendedorismo e economia solidária e políticas públicas para a cultura.

O Congresso Fora do Eixo é organizado pelo Circuito Fora do Eixo, uma rede de trabalhos concebida por produtores culturais independentes das regiões centro-oeste, norte e sul no final de 2005, que se ampliou na direção de reflexões, práticas e experiências sócio-políticas em todas as regiões do país.

Para saber mais sobre o Circuito Fora do Eixo, clique aqui.

Para mais informações sobre o 4º Congresso Fora do Eixo, clique aqui.

Cultura caipira do interior paulista merece ser conhecida e está no Parque da Água Branca

Acontece até o próximo domingo um evento genial chamado “Revelando São Paulo”. O parque será ocupado com diversos stands de artesanato, gastronomia e outros. Haverá também festivais, música e dança, incluindo a dança caipira, tradicional no interior paulista e muito pouco conhecida na capital e no Brasil.

Em geral, quando pensamos em cultura popular brasileira fala-se de maracatu, no Recife, dos ritmos afro-brasileiros na Bahia e em Minas Gerais. Porém, a cultura caipira do interior de São Paulo é riquíssima e está muito bem representada. Estive nesse festival no ano passado e afirmo que vale muito a pena.

Fora o festival, o Parque da Água Branca já é em si uma atração. O espaço surgiu em 1904, como estratégia do governo de São Paulo para fazer uma escola de formação na área de agricultura. Depois virou parque de exposições, o principal da cidade, onde eram realizadas feiras de vendas de gado. Nos anos 70 estas atividades foram transferidas para a Água Funda, no Parque Imigrantes, tornando o Parque da Água Branca apenas um parque.

Lá estão lindas edificações do Mário Whately, da mesma época em que o parque foi construído e inaugurado. O parque também um vitral art deco e é integralmente plantando, ou seja, não possui mata nativa, mas conta com vários espécimes, todos identificados. Além disso, há uma reconstituição muito bem feita de uma típica casa caipira. Vale a pena um passeio, seja para crianças, jovens ou adultos.