Na semana passada, a Câmara Municipal de São Paulo realizou uma audiência pública para discutir uma proposta de substitutivo ao Projeto de Lei que institui o Plano Municipal de Habitação (PL 509/2011). Os participantes da audiência cobraram do governo transparência com relação ao projeto, que até então sequer havia sido oficialmente publicizado.
Além disso, ficou acordado que um novo substitutivo deveria ser produzido em conjunto com os movimentos presentes na reunião e que o processo de votação deverá ocorrer apenas depois do perÃodo eleitoral. Uma nova reunião ficou marcada para hoje e, em tese, o projeto pode voltar à pauta amanhã.
Como já comentei aqui, a proposta de substitutivo, teoricamente, tem como objetivo promover a produção de HIS (Habitação de Interesse Social) e HMP (Habitação de Mercado Popular) sem contar no cálculo do estoque, ou seja, possibilitando a produção de área construÃda em bairros onde os estoques já estão esgotados.
Mas se examinarmos como os estoques disponibilizados até agora foram consumidos veremos que essa proposta não faz sentido. Um cruzamento dos dados das planilhas de aprovação de projetos de empreendimentos (disponÃvel no site da Prefeitura) com o estoque de potencial construtivo (disponÃvel no site da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano) mostra que, de 2005 para cá, dos 2.921 empreendimentos residenciais aprovados, 1.035 consumiram estoque e 1.886 não consumiram.
Deste total, 5% são HIS, 11% são HMP, 2% são empreendimentos mistos com HIS e HMP e 81% são residenciais, isto é, empreendimentos destinados ao mercado habitacional acima de 16 salários mÃnimos de renda familiar mensal. Em números relativos, no entanto, entre os empreendimentos aprovados que consumiram estoque até agora, quase todos foram do mercado residencial de maior renda (97%). HIS consumiu apenas 1% do estoque e HMP, 2%. Ou seja, não é a falta de estoque que está bloqueando a produção de HIS e de HMP na cidade de São Paulo. Quem está precisando de estoque desesperadamente é o mercado residencial voltado para famÃlias com renda superior a 16 salários mÃnimos (acima da faixa de HMP).
É muito importante, portanto, que os compromissos assumidos na audiência pública sejam cumpridos e que um novo substitutivo seja elaborado com transparência e participação das organizações e movimentos que vêm discutindo o tema. Além disso, o compromisso anunciado de votar este projeto com calma e tempo, adiando sua aprovação final para depois das eleições, é também fundamental.
Assisti a Recordo no domingo. Muito boa a matéria.
Cristina Reis
Em 11 de setembro de 2012 18:02, WordPress.com
No entanto, embora o presidente da Câmara, vereador Pólice Neto, tenha se comprometido a conduzir o processo com participação popular, ele colocou o PMH na pauta de votação amanhã! E como primeiro item!!! Como confiar?
Cara Raquel Rolnik , acho que o atual modelo e o atual Zoneamento, não atrai ninguém a investir em HIS ou HMP,principalmente na Região Central, onde atuo como Corretor. Por exemplo a baixada do Glicério e parte do Cambuci, está com pouquÃssimas áreas disponÃveis e muitos galpões antigos, além de uma área enorme ocupada Prédio Operacional da Eletropaulo e Prédios do INSS ,(estes poderão funcionar em outros locais) e para ajudar todos estes imoveis estão em ZEIS, Zona Especial de Interesse Social, que permite construir um só vez a área, e para HIS e HMP, com custo de terreno a R$ 2.500,00 a R$ 3.000,00 p/m² . A Prefeitura teria dois caminhos, uma seria uma intensa desapropriação na região e repassar as áreas para o Cohab ou CDHU, mesmo assim não atenderia o Deficit na região. Outro caminho seria a mudança de Zoneamento, para atrair a iniciativa privada a construir prédios com apartamentos populares de 1 e 2 dormitórios, com Outorga Onerosa ou com algum tipo de contra-partida fora da região central. Exemplo: Uma construtora que fosse construir no Centrão ou bairros próximos ao centro (raio de 2 a 5 Km da Praça da Sé) se comprometeria em contra partida a Construir unidades Habitacionais nas periferias ou melhorar construções em áreas de risco. A Caixa Econômica Federal financiando estas obras com juros especiais ou subsidiados. Na minha opinião a segunda hipótese é melhor , pois o gerenciamento da iniciativa privada é melhor no cumprimentos de prazos. O susbtitutivo da PL 509/2011, foi aprovado em primeira votação e até hoje não houve a segunda votação, que já fora adiada pro varias vezes, principalmente pelos Lideres do PT e seus aliados.
Antonio da Ponte
Ambientalista e Corretor de Imoveis da Aclimação
Creci. 103.472