Ônibus atraem cada vez menos passageiros

De 2006 pra cá, o ônibus foi a modalidade de transporte coletivo que menos passageiros atraiu na cidade de São Paulo. Considerando o total de viagens realizadas no transporte público, a participação dos ônibus passou de 65%, em 2006, para 58% no ano passado. A informação foi divulgada ontem em reportagem da Folha Online. No período, o número de viagens de ônibus aumentou apenas 13,3%, enquanto na CPTM este aumento foi de 63%, e no metrô, de 44%.

Além do crescimento da rede de metrô e trem, o principal fator responsável por essa situação é a falta de investimentos nos corredores de ônibus. A implementação da rede planejada para São Paulo foi simplesmente interrompida e nenhum novo corredor foi construído nos últimos anos. Além disso, o sistema de troncalização – ou seja, a redução do número de ônibus dentro do corredor e sua integração com linhas alimentadoras – nunca foi completado, o que faz com que o próprio corredor, mesmo segregado, fique congestionado… de ônibus.

O resultado é a baixa velocidade do sistema, o desconforto e, óbvio, uma péssima avaliação por parte dos usuários que, quando podem, preferem utilizar o transporte por trilhos, que, por sua vez, está superlotado. Na verdade nenhum sistema de transporte decente funciona bem só com um modal – é a integração dos vários modos que promove maior conforto e eficiência.

Por fim, como já comentei aqui, a forma de organizar e construir nossa cidade continua incentivando o uso do carro, e os usuários de ônibus são os mais prejudicados, já que estes concorrem com os carros no sistema viário da cidade.

11 comentários sobre “Ônibus atraem cada vez menos passageiros

  1. Agora é só ver quantos carros aumentaram nas ruas da cidade para entendermos que ainda vivemos na lógica da colônia em que dentro de um carro se busca o espaço perdido na cidade. Alguém já contou com quantos passageiros um carro “viaja” nos horários de pico? Olhem para os lados e verão sem grandes estatísticas que a maioria viaja só com o condutor…

      • O seu direito pára onde começa o do outro. O seu direito de ir e vir sozinho no seu carro atrapalha, e muito, em uma área urbana como SP. Dito isto, concordo que é absurdo multar por essa razão, pois existem diversas outras medidas e ações que desestimulam o uso do carro que são mais viáveis. Só acho que sua argumentar quanto ao direito de ir e vir é no mínimo inocente e alienado de sua parte. Devemos ter consciência de que utilizar o carro no dia-a-dia sozinho não é sustentável e que quem fizer essa opção deve pagar pelo custo gerado à cidade: caro. Mas, obviamente, forçar a utilização de outros meios de transporte sem fornecer essas opções é leviano e inconsequente, pois a pessoa sem opção não vai parar de usar o carro, só vai pagar mais caro por isso. Mas nós sabemos que nossos governos são responsáveis não é? ….

  2. O maior motivo da baixa velocidade dos ônibus é o excesso de carros. O único modo de resolver seriam vias expressas para ônibus. A explicação de que os ônibus são lentos por falta de investimentos nos corredores é incorreta.

  3. Felipe, as vias expressas para ônibus de que você fala são exatamente os corredores de ônibus. E é preciso investir neles seja para implantar novos seja para qualificar os existentes, seja para melhorar a alimentação por todos os modais (bicicleta, micro onibus, etc).

  4. Também, não podemos esquecer, a falta de educação e respeito, dos motoristas, para com o usuários! Fator esse, que desestimula muito, continuar usufruindo dos ônibus!

  5. Não. Não há uma razão psicanalítica de nostalgia por outra era. E o problema dos ônibus são ônibus, sua má qualidade, seu custo, sua insegurança, seu nenhum benefício. Por causa disso, aí sim, compramos carros. Tá no texto da Raquel. Se não privilegiarmos o transporte público em nossas cidades, independente de minha paixão por cidades, colônias ou tribos, vou optar pelo carro. A questão é muito mais utilitárista, de economia da mobilidade.

  6. Bem, ainda que suspeitos por sermos ferroviários, temos apostado em um veículo sobre trilhos de pequena e média capacidade como alternativa para os ônibus, mas pouco comentado em São Paulo – o VLT. Por que não corredores para VLT?

  7. A lógica dos corredores de ônibus é uma inversão do que foi feito quando se eliminou a circulação dos bondes. A justificativa na época é que atrapalhavam o fluxo de carros pois seu trajeto era fixo e não podia integrar-se ao resto do trafego. Pois bem, o que são os corredores de ônibus??? O VLT (ou bonde moderno) seria muito melhor no lugar dos corredores, deixando a ramificação nos bairros para ser feita por ônibus. VLTs circulares, com intervalos regulares nos eixos de maior circulação, são silenciosos, não poluem o espaço urbano já saturado, mais seguros, com uma velocidade média (devido a circulação padronizada) maior.

  8. Entendo que para avançarmos com mais clareza nesse entendimento, qual seja, a democratização do uso do espaço público, o foco da questão deveria passar da necessidade (evidente) de mais corredores para a questão da prioridade do coletivo sobre o individual. Visto que os coletivos têm uma capacidade de transporte de passageiros muito acima da dos automóveis, o ônibus tem que ter prioridade onde quer que ele esteja. O critério precisa ser mudado para: qualquer via da cidade com 60 bus/h ou mais deveria ter, já, algum tipo de tratamento viário que reserve o espaço ao coletivo. Existem várias gradações de exclusividade viária que podem ser adotadas antes de chegarmos a um corredor convencional ou BRT. Ao mesmo tempo, é claro, precisamos retomar a política de construção de corredores e terminais e avançar na racionalização do sistema.

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