Duas notícias me chamaram a atenção hoje. Uma delas não teve destaque em nenhum de nossos jornais, mas é importante acompanhar: trata-se da retirada da pauta do plenário da câmara, ontem, do PL 25/2011, que altera a lei da operação urbana Água Espraiada.
Enquanto este projeto não for aprovado, a prefeitura fica impedida de realizar modificações no projeto original da operação urbana. Entre as mudanças previstas estão a ampliação da Av. Roberto Marinho até a rodovia dos Imigrantes e a construção de um túnel de mais de 2 mil metros. Estas intervenções afetariam um número ainda maior de famílias, que precisariam ser removidas de suas casas.
Mas se a prefeitura realmente quiser levar adiante esse novo projeto, ela poderá fazê-lo por fora da operação (ou seja, sem utilizar a venda de potencial construtivo para financiamento das obras). Afinal de contas, o caixa municipal nunca esteve tão gordo, como mostra a outra notícia que me chamou a atenção hoje.
Segundo o Estadão, são R$ 6,9 bilhões em caixa, explicados em parte pelo aumento da arrecadação do IPTU. Este valor – um recorde de superávit da administração municipal – é quase equivalente ao orçamento anual de uma cidade como Belo Horizonte (R$7,5 bi) e se aproxima da previsão de investimentos da prefeitura para todo o ano de 2011 em São Paulo (R$ 8,5 bi).
Portanto, se quiser, a prefeitura pode realizar as obras que está tentando incluir na operação urbana Água Espraiada com o dinheiro que tem em caixa. Seguramente, podemos discutir se essa ligação da Roberto Marinho com a Imigrantes é necessária.
Mas tenho quase certeza que os paulistanos prefeririam, neste momento, mais investimentos municipais no metrô, viabilizando, por exemplo, a urgente extensão da linha 5 até a região do MBoi Mirim, ou mesmo a conclusão da implementação dos corredores de ônibus que estão previstos no plano diretor da cidade desde 2002. E por que tanta intransigência no diálogo com a população que se manifestou contra o aumento da tarifa de ônibus?
O fato é que nao apenas as modificações na operação urbana Água Espraiada, mas também o destino desses mais de R$6 bilhões em caixa deveriam obedecer, minimamente, a uma agenda de discussão com a população.
Este projeto não foi votado, pq os vereadores querem que os proprietarios envolvidos sejam vencidos pelo cansaço.
Quem aguenta ir todos os dias na Camara para impedir que o PL 25/11 seja votado?Existe ilegalidade nele e mesmo assim, ele passou pela comissão de competencia e justiça.
Hj. as pessoas foram novamente a camara pressionar os vereadores que nem querem saber se é legal ou não.Querem aprová-lo para não desapontar o prefeito.
Com certeza concordo plenamente contigo, mas sinceramente vemos uma má vontade destes politicos em relaçao a beneficiar a populaçao, que com certeza estas obras que voce citou no artigo, vai continuar em ritimo lento e ate mesmo parada, falta de recurso nao, mas má vontade sim.
Fico pensando que tipo de interesse sustenta uma má vontade como esta…
Olá Raquel!
Leio sempre teu blog.. e queria aproveitar que você falou em investimentos no metrô pra fazer uma pergunta.
Adoraria saber porque não existe nenhum projeto que conecte a linha verde do metrô com a linha vermelha. Vila Madalena – Barra Funda.
Já enviei pro site do metrô de SP três emails, todos ficaram sem resposta.
Essa conexão pequena, poderia desafogar um fluxo incrível que se acumula na Sé e no Paraíso.
Você sabe se existem propostas nesse sentido?
Muito obrigado,
Marcos Botelho
Enquanto dorme quase 7 bilhões de reais nos cofres da Prefeitura de São Paulo, falta dinheiro para fazer creches na cidade. A atual gestão municipal alega que tem que vender seu patrimônio, uma quadra no Itaim Bibi, onde tem serviços de saude, eduação e lazer atendendo a população, para construir 100 creches. Acho que se trata de puro cinismo para com os cidadãos paulistanos.
Obra desnecessária, é claro, pra liberação de recursos superfaturados no bolso de alguns safados!
Ou o cidadão aprende a votar agora, ou num futuro não muito distante a sociedade vai ter que invadir a câmara e acabar com essa pouca vergonha no tapa 😦
Raquel, sou moradora da Lapa desde que nasci e aqui na Vila Romana exste um quarteirão de configuração semelhante ao do Itaim, porém em menores proporções, que já foi um dos Parques Infantis criados por Mário de Andrade e até inaugurado por Getúlio Vargas – no mesmo dia, inclusive, em que inaugurou o estádio do Pacaembu, outra obra do Departamento de Cultura apropriada pelo Estado Novo: 27 de abril de 1940 -, informações que soube pelo livro de um provável colega seu de FAU, Carlos Augusto Niemeyer da Costa, e quero muito poder contactá-la e a ele também para formatar com justificativas históricas e arquitetônicas o pedido formal de tombamento, inclusive pergunto: é possível no tombamento fixar a atividade do prédio central que é uma EMEI há 70 anos? digo isso, pois por pura irresponsailidade, uma série de antigas escolas do bairro têm sido fechadas e convertidas em edifícios burocráticos, o que obviamente é uma afronta à memória viva e ao papel social a que se destinam, por favor entre em contato comigo, desde já, obrigada.
obs: o quarteirão de que falo abriga a EMEI Noêmia Ippólito, um posto de saúde e o teatro Cacilda Becker – construído pela gestão de Jânio Quadros se respeitar o conjunto arquitetônico já existente, enfim… Além do risco iminente de conversão do local escolar para qualquer outra finalidade, seu palco está cedendo por contaminação de cupim, o piano carcomido não é reposto (e não me conformo com o orçamento que tem em mãos e o que destina a qualquer biboca conveniada sempre mal projetada e mal equipada para receber crianças, não haver apenas 5 ou 6 mil reais para a compra de um piano novo), além disso a piscina e a fonte que funcionaram até o início dos anos 1980, quando fui aluna, foram soterradas; esse é um espaço de contrução de conhecimento, amplo, bonito e projetado para a criança pequena que não pode ser desinventado cada vez que o mercado imobiliário e algu gestor irresponsável dele só se recorde em datas solenes: patrimônio arquitetônico, histórico e imaterial, a sétima escola de educação infantil da cidade de São Paulo, construída para atender às crianças da classe trabalhadora e que aindacumpre seu papel bravamente e em período integral, mas carece de proteção em relação ao seu entorno e conformação.