Na semana passada, o programa Meu Ambiente, da Rádio Sabesp, fez uma série especial sobre as chuvas. Fui convidada para participar da terceira edição do programa e, mais uma vez, insisti em afirmar que a má ocupação do solo é um dos principais problemas que devemos enfrentar se não quisermos ver as mesmas tragédias se repetirem a cada ano.
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Oi Raquel, como sempre vc é bastante astuta em suas argumentaçoes sobretudo quando fala para a grande midia, penso que o papel do intelectual é esse mesmo… cutucar e provocar a reflexao em busca da construçao da cidade para todos..
Por isso quero dividir algumas angustias.
Sinto que precisamos recuperar algumas discussoes sobre cidade,urbanismo tecnocratico ou de Mercado ancorado nos supostos ideologicos do MIto da Cidade Global, … construido em plena força das politicas neoliberais … na era FHC …
Isso porque, hoje quando falamos em “crescimento desordenado” nao fica claro o que estamos chamando de desordenado e ai caimos em armadilhas…
o que quero dizer é que quando ouço na grande midea, falas de outros especialistas sobre o crescimento desordenado, geralmente a referencia é sobre ocupaçoes irregulares, ausência do Estado na coleta de lixo, a falta de infraestrutura e equipamentos, e das ocupaçoes de areas de encostas dos rios etc. nao discordo dos argumentos mas sim da construçao ideologica que a midea faz desses argumentos , isto é a dramatizaçao “mitologica da Natureza cobrando do homem o respeito aos seus limites”
que geralmente reforça o medo no imaginario social da cidade..
Nessas projeçoes o eixo de argumentaçao quase sempre recai na relaçao natureza e densidade demografica… quase chegando as leis de Malthus… e ai culpa é sempre da ” falta de planejamento por parte do Estado… ” e nao na critica da natureza (essa sim) perversa da ocupaçao do solo, a desigualdade entre classes … o sentido da produçao do espaço, numa Era agora marcada pelos debates como pós-fordista… sobretudo nas grandes cidades como é o caso daquelas que sao centro de regioes metropolitanas…
Como penso que estamos disputando hegemonia, no sentido de explicitar as constradiçoes, combater e propor soluçoes para alem daquelas que o mercado capitalista apresenta para a cidade… acho que precisamos retomar as noçoes de “direito à cidade” e desconstruir mitos …
Pois há também uma ocupaçao “desordenada” construída pela logica do capital .. o que fica encoberto nos debates midiaticos toda vez que a natureza, as chuvas… obriga a todos dialogar sobre situaçoes como a que estamos a assistir em Sao Paulo e em outras grandes cidades…
Gosto muito da sua tese sobre A cidade e a Lei… como também da sua dissertaçao sobre ” cada um no seu lugar” por isso estou aqui… dividindo minhas angustias… como cidadã…
um abraço.
Muito obrigado serviu muito para mim
Raquel,
Nestas horas em que a sociedade está assustada com os desastres naturais, o senso comum, alimentado pelos grandes jornais e TVs, encontra 2 responsáveis: os prefeitos que “deixam” o povo pobre ocupar as áreas de risco e a “falta” de planejamento.
Pensando bem, é falta de planejamento mesmo. Não a falta de um plano desenhado num mapa colorido, mostrando em vermelho as áreas que não devem ser ocupadas. Mas o planejamento que aplica os instrumentos do Plano Diretor que dificultam a retenção dos terrenos urbanizados para valorização futura, que possam impor como único uso admissível a construção de habitação popular. A falta de ZEIS em áreas vazias urbanizadas e centrais, a falta de lotes populares, a falta de IPTU progressivo, isso é falta de planejamento, não é?
raqueeeeeeeeel s2
adoreiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii seu blog s2