A prefeitura de São Paulo, através da Emurb, anunciou que vai regulamentar a iluminação na capital paulista, tanto de estabelecimentos públicos, como de particulares. A Lei Cidade Limpa 2, como está sendo denominada, ainda não foi enviada para a câmara municipal, então ainda não conhecemos bem o seu formato.
Sabemos que a ideia é trabalhar experimentalmente na Avenida Paulista com uma nova regra para a iluminação, tanto de edifícios públicos quanto privados, em sua maioria edifícios comerciais. Hoje não há uma regra para esta questão. A iluminação depende da iniciativa de cada um e, portanto, ela varia. Alguns edifícios de São Paulo já têm uma iluminação cênica, que é aquela iluminação embaixo, com holofotes, que valoriza a fachada. Além disso, há algumas iniciativas, como projetos específicos de iluminação da Rua Oscar Freire, muito pontuais. Mas, como regra geral, isso não existe na cidade de São Paulo.
É bem-vinda, portanto, a ideia de trabalhar a iluminação da cidade, com o objetivo de aumentar a segurança. Em muitas cidades do mundo hoje já se separa o que é iluminação de pedestres, que é uma iluminação mais baixa, iluminando a calçada e a área onde as pessoas estão circulando; e uma iluminação geral para veículos, que é muito mais alta e não serve para propiciar sensação de segurança ao pedestre. Então, trabalhar esta questão pode, de fato, aumentar a segurança.
No entanto, eu acho estranho que, ao trabalhar a valorização da paisagem – primeiro foram os anúncios, agora vem a iluminação –, não se fale de um dos aspectos que mais atrapalha a paisagem de são Paulo, que é a enorme quantidade de fios e cabos passando pela cidade. Isso causa uma enorme interferência na paisagem e pelo jeito este tema não está sendo abordado. Não foi no Cidade Limpa 1, nem está sendo no Cidade Limpa 2.
A Avenida Paulista é um bom exemplo de como a ausência de fios já melhora muito a paisagem. Existiu na cidade, há duas gestões, uma meta e um projeto sobre esta questão, mas até agora nada foi feito. Há uma relação bastante complicada e importante com os concessionários, já que todos são concessionários privados, tanto de luz, no caso a Eletropaulo, como de cabos, de TV e internet. Recentemente, com o problema das chuvas, com quedas de árvores etc, vimos muita interrupção de energia e problemas seriíssimos na rede em função da existência dessa fiação aérea. Então me parece que o Cidade Limpa 2 deveria também trabalhar prioritariamente a questão dos fios e cabos.
“…que é a enorme quantidade de fios e cabos passando pela cidade”.
De fato algo que nunca entendi em São Paulo. Como ainda não levaram isso para o subterrâneo, como aconteceu no RJ, por exemplo.
Abss!
O pior, Raquel, é que não precisávamos nem resolver a questão dos anúncios – já bastava estimular a melhoria das fachadas que já existiam; a meu ver essa é mais uma lei para transformar a cidade num lugar feio e cinzento, que ela está se tornando por opção dessa administração e dos que fazem planejamento público para ela.
Eu tenho a impressao de que ha cerca de tres anos a prefeitura tentou alguma coisa em relacao aos fios e cabos. Eu trabalhava no JT na epoca e fiz uma materia a respeito, mas confesso que nao me lembro dos detalhes. So lembro de que ninguem conseguia me responder quem ia pagar pelo aterramento, o que parece a resposta para a falta de continuidade do projeto. O dinheiro necessario para aterrar os cabos era tao grande que eu sempre duvidei que fosse dar certo. Mas vale recuperar essa historia.