Publicado no Jornal do Brasil
Belo e forte filme brasileiro, Cidade de Deus concorre neste domingo à premiação máxima da Academia de Hollywood em quatro categorias, tendo como principal personagem um lugar real, captado da obra de Paulo Lins e levado às telas por Fernando Meirelles. Para quem vê tudo de fora, parece tratar-se de mais uma favela violenta, habitada por gente pobre e controlada pelo tráfico de drogas. Entretanto, através das lentes do cinema, Cidade de Deus perturba o espectador, ao contar sua história.
A narrativa começa nos anos 60, governo Lacerda, quando o conjunto habitacional começa a ser construído, para abrigar moradores removidos de favelas, com o objetivo de extirpar o que era considerado desde o início do século XX uma espécie de ”chaga urbana”.
A dualidade cidade/favela começa aí: em 1900 a favela estava para a cidade assim como o sertão de Canudos estava para o litoral: bárbaro, ameaçador, agreste e miserável. Mas é só a partir dos anos 40, que a política para a favela entra na prática e no discurso das políticas públicas do país. Removê-las e em seu lugar construir a alternativa da casa própria produzida pelo Estado passou a ser a palavra de ordem da política habitacional.
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